Pesquisadores sequenciaram o genoma da mariposa bella em março para compreender o uso de toxinas da planta crotalária em sua proteção e reprodução.
Várias espécies do reino animal utilizam estratégias curiosas para atrair parceiros. As mariposas, por exemplo, exibem padrões coloridos em suas asas para chamar a atenção. Além disso, elas liberam feromônios no ar para atrair outros indivíduos da mesma espécie em busca de acasalamento.
As mariposas são conhecidas como um tipo de inseto noturno devido à sua preferência por voar durante a noite. Durante a escuridão, esses belos seres alados deslumbram com suas asas delicadas, atraindo parceiros com seus padrões únicos. Observar esses e outros comportamentos dos insetos noturnos pode revelar detalhes fascinantes sobre a vida noturna da natureza.
Mariposas Bella: Atração Venenosa e Imunidade Genética
Um estudo recente, publicado em março, revelou um fascinante comportamento das fêmeas de uma espécie de mariposa em sua busca por parceiros: o uso de um veneno proveniente de uma planta. Especificamente, as mariposas bella (Utetheisa ornatrix) foram observadas utilizando as toxinas da planta crotalária, que consomem durante a fase de lagarta, para atrair potenciais parceiros. Essas toxinas, conhecidas como alcaloides pirrolizidínicos, são essenciais para a proteção da espécie e de seus ovos contra predadores.
No âmbito da pesquisa, os pesquisadores sequenciaram o genoma da mariposa bella, buscando identificar genes específicos responsáveis por conferir imunidade às toxinas da planta crotalária. Além disso, analisaram o genoma de 150 espécimes de museu para investigar a origem e as relações genéticas entre as mariposas bella e seus parentes próximos.
‘A capacidade das mariposas bella de utilizarem uma toxina potencialmente letal para outros animais como fonte de alimento levanta questionamentos intrigantes sobre sua evolução e mecanismos de imunidade’, afirmou um dos pesquisadores envolvidos, Andrei Sourakov.
Durante o estudo, os pesquisadores observaram que as mariposas liberam uma nuvem de alcaloides em aerossol, derivados das plantas que consumiram na fase larval, para atrair os machos em busca de acasalamento. Os machos, atraídos pelo cheiro, seguem até a fonte onde encontram as fêmeas, desempenhando um ritual sofisticado para demonstrar sua qualidade como parceiros.
Um aspecto notável desse processo é a manipulação das toxinas durante o acasalamento. Os machos transferem alcaloides pirrolizidínicos para as fêmeas através de uma substância chamada espermatóforo. As fêmeas, por sua vez, utilizam essas toxinas para proteger seus ovos contra predadores, demonstrando assim uma incrível adaptação evolutiva.
A compreensão de como as mariposas bella adquiriram essa imunidade única às toxinas da planta crotalária levanta questões instigantes sobre os processos genéticos envolvidos na evolução desses insetos noturnos. A utilização de espécimes de museu para abordar questões genéticas complexas representa uma abordagem inovadora que promete abrir novas perspectivas para futuras pesquisas nesse campo fascinante da biologia. A interação entre as mariposas e as toxinas da planta representa um exemplo notável da complexidade e engenhosidade da natureza, evidenciando a capacidade de adaptação e diversificação das espécies ao longo do tempo.
Fonte: © CNN Brasil
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