Ministra fala sobre caso que envolveu seu nome e o ex-ministro Silvio Almeida, que nega acusações de importunação. Ela assume responsabilidade e afirma que as atitudes foram inconvenientes durante a transição de governo, investigada pela Polícia Federal.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, abordou publicamente o tema do assédio pela primeira vez em uma entrevista à revista Veja. Ela discutiu o caso que envolveu seu ex-colega de Esplanada, o professor e advogado Silvio Almeida, que chefiava a pasta dos Direitos Humanos. A ministra destacou a importância de combater o assédio em todas as suas formas.
Segundo Anielle Franco, o caso de Silvio Almeida é um exemplo claro de como o assédio pode se manifestar de diferentes maneiras, incluindo a importunação e o cerco. Ela enfatizou que é fundamental criar um ambiente seguro e respeitoso para todos, onde ninguém se sinta vítima de abuso ou perseguição. A ministra também destacou a necessidade de uma ação conjunta para combater o assédio e promover a igualdade e a justiça social. A luta contra o assédio é uma luta pela dignidade humana.
Assédio: Uma Questão de Poder e Responsabilidade
A ministra Anielle Franco, em entrevista à revista Veja, revelou que o assédio sexual por parte do ex-colega Silvio Almeida começou no início da transição de governo, em 2022. Ela afirmou que não tinha nenhuma relação com ele até então, mas que as atitudes inconvenientes começaram a aumentar ao longo dos meses, culminando em importunação sexual. Anielle confessou que, inicialmente, tentou ignorar as situações, mas logo percebeu que estava sendo vítima de um crime.
Ela relatou que a experiência a deixou sem dormir várias noites, e que sentia uma grande responsabilidade em seu cargo, mas não conseguia se concentrar devido ao assédio. Anielle também se perguntou por que não reagiu na hora e se culpou pela falta de reação. ‘Não estamos preparadas o suficiente para enfrentar uma situação assim nem quando é com a gente’, afirmou.
A Importância de Falar Sobre o Assédio
A ministra enfatizou que as vítimas de assédio devem falar quando se sentirem confortáveis e acolhidas. ‘Vítima é vítima. Você fala quando se sente apta e acolhida a falar’, disse. Ela também expressou sua vulnerabilidade quando o caso veio à tona, incomodada pela forma que a imprensa abordava o caso e pelo cerco dos jornalistas.
A entrevista foi concedida no mesmo dia em que Anielle prestou depoimento à Polícia Federal (PF), que investiga o caso. O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República também apuram as acusações. Silvio Almeida foi demitido do cargo que ocupava há quase um mês, um dia depois das denúncias de assédio sexual feitas à ONG Me Too Brasil serem publicadas pelo portal Metrópoles.
Abuso de Poder e Perseguição
A ONG afirmou que Silvio Almeida foi denunciado por pessoas ligadas ao governo. Integrantes do governo já sabiam há pelo menos três meses de relatos sobre o caso por Anielle Franco, mas a denúncia não foi levada adiante porque a ministra não a formalizou, sob a justificativa de que não queria prejudicar o governo. Logo após a exposição do caso, o então ministro publicou nota e foi às redes sociais se declarar alvo de denúncias sem prova. Almeida também pediu à Justiça que a organização apresentasse esclarecimentos.
Ele afirmou que incentivará a realização de criteriosas investigações e que os esforços empreendidos para que tenhamos um país mais justo e igualitário são frutos de lutas coletivas e não podem sucumbir a desejos individuais. ‘Sou o maior interessado em provar a minha inocência. Que os fatos sejam postos para que eu possa me defender dentro do processo legal’, disse.
Fonte: @ Nos
Comentários sobre este artigo