Papel lidera perdas do Ibovespa após fusão de concessionárias afetar fluxo de caixa e margem de Ebitda, impactando gestão financeira.
A Vamos, empresa de locação de caminhões, máquinas e equipamentos pesados, enfrenta seu terceiro pregão consecutivo de queda nesta quinta-feira (3). Isso significa que, desde o início de outubro, a ação da empresa não teve um dia de recuperação, mesmo com a euforia que tomou a bolsa brasileira.
A Vamos continua a sofrer com a pressão do mercado, e sua ação não consegue se recuperar. A empresa precisa encontrar um novo rumo para reverter essa tendência negativa e retomar seu papel de liderança no setor de locação de equipamentos pesados. A ação da Vamos precisa de um impulso para voltar a subir e recuperar o terreno perdido.
Vamos analisar a situação da Vamos
Perto das 11h35, a ação da Vamos liderava as perdas do Ibovespa, com uma queda de 9,62%, atingindo o valor de R$ 5,45. No acumulado do mês, as perdas da empresa beiram os 18%. Vamos entender o que está acontecendo. A empresa está prestes a passar por uma fusão com a Automob, controlada pela Simpar, que é a controladora de ambas as empresas e orquestradora do plano de combinação das operações.
A Simpar propôs a reorganização dos negócios da seguinte forma: a divisão de concessionárias da Vamos passará por um spin-off (separação) da operação atual, que inclui a locação (principal negócio da empresa, responsável por 60% da receita total). Essa operação das concessionárias será combinada com a Automob, que é uma empresa que já é detida por Vamos e Simpar. Vamos ver como isso afetará a empresa.
Essa fusão de concessionárias criará uma nova empresa (NewCo). Esse processo atende uma demanda antiga dos investidores, já que a divisão de negócios provocava perdas das margens da Vamos. Com a operação, os acionistas da Vamos devem receber 0,22 ação da NewCo por cada 1 ação da VAMO3 possuída. No entanto, muitos acionistas não estão satisfeitos com o processo ou não têm interesse nessa nova companhia focada em concessionárias, por isso, estão aproveitando para se desfazer de suas ações agora.
O impacto da fusão na Vamos
E o resultado é o forte fluxo vendedor dos últimos dias, que provocou quedas relevantes no valor da ação. Com a fusão, a nova empresa vai passar a se concentrar exclusivamente na locação de caminhões e máquinas agrícolas, abandonando a operação de concessionárias. A Simpar defende que a gestão financeira da Vamos deve dar um salto com esse processo, porque promoveria seu fluxo de caixa e aumentaria a eficiência dos negócios. Vamos analisar os números.
Mas o analista Fabiano Vaz, da Nord Research, pondera que os resultados e indicadores financeiros dos negócios combinados não são positivos. ‘Apesar de a combinação criar uma empresa de R$ 11,9 bilhões, a margem Ebitda é de apenas 3,5% e um lucro líquido pífio de R$ 20 milhões. E uma dívida líquida de R$ 1,6 bilhão, uma alavancagem de 3,8 vezes Ebitda’, avalia Vaz. Em conclusão, Vaz entende que a NewCo parece cara e possui um negócio de margens baixas e pouco visibilidade de crescimento e endividada.
O cenário macroeconômico e a Vamos
Cabe ressaltar que os investidores também estão embutindo mais risco no seu cenário para os juros brasileiros, o que provoca o reajuste altista das taxas nos contratos futuros hoje. Este movimento deteriora o horizonte das companhias mais dependente do mercado doméstico, como é o caso da Vamos. Este cenário macroeconômico eleva a pressão sobre as ações da empresa hoje. Vamos ver como a empresa irá lidar com essa situação.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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