Vencer barreira crucial para eliminar o HPV, patógeno transmissível causador de câncer. Vacinação escolar essencial, mapear moléculas para combater tumores.
Desde a descoberta da primeira vacina, por Edward Jenner em 1796, a imunização se tornou uma das armas mais importantes da medicina para prevenir doenças contagiosas. No contexto atual, a revolução das vacinas contra a COVID-19 trouxe esperança para o controle da pandemia e para a retomada da normalidade.
A vacina é um dos maiores avanços da ciência, garantindo não apenas a proteção individual, mas também a imunidade de rebanho, fundamental para a erradicação de doenças. O desenvolvimento de novos imunizantes é essencial para enfrentar os desafios constantes que surgem com novas variantes do vírus.
Vacina contra o HPV: 10 anos de prevenção ao câncer
Graças a essa descoberta, reverenciada com o Nobel de medicina em 2008, o mundo tomou conhecimento de que o HPV abria caminho a tumores e que seria possível desenvolver uma vacina que, ao bloquear o vírus, preveniria o câncer. Essa arma se tornou uma realidade e, neste mês, completa dez anos de distribuição gratuita pelo governo brasileiro.
Trata-se de uma estratégia segura e eficaz que, no entanto, patina nas taxas de cobertura por ser alvo de ignorância e fake news, o que põe em risco a imunização e a proteção do público a que se destina o produto, meninas e meninos de 9 a 14 anos. A literatura médica aponta que até 12% dos cânceres têm relação com algum tipo de vírus. O HPV é um deles.
Importância da imunização nas escolas
Nem sempre a infecção terá grandes repercussões — muitas vezes, será debelada pelo próprio organismo. Ocorre que alguns subtipos virais, os mesmos contemplados na vacina, aumentam a propensão a tumores no útero, na boca, na garganta, na vagina, no pênis e no ânus — sem falar que outras variantes do micróbio causam verrugas genitais.
O ponto é que a maioria das pessoas com vida sexual ativa trava contato com o HPV, e o preservativo não é uma barreira 100% eficiente contra a transmissão. PREVENÇÃO – De graça: imunizante é ofertado a meninas e meninos de 9 a 14 anos (Rodrigo Nunes/MS//) Daí a relevância de um imunizante largamente testado para essa finalidade.
Suas doses permitem reduzir drasticamente o perigo de uma condição com impactos agressivos do ponto de vista tanto individual como da saúde pública — a projeção é de 17 000 novos casos de tumores de colo de útero por ano no Brasil. Ter à mão uma fórmula anticâncer, contudo, não foi suficiente para o êxito da campanha de vacinação.
Desafios e resistências
Episódios de jovens no Acre que apresentaram dor de cabeça, desmaios e convulsões após as doses levaram a um temor coletivo que ainda hoje depõe contra a vacina — um estudo da USP comprovou que as reações foram apenas efeitos psicológicos. Soma-se a isso o receio de alguns pais de que o imunizante instigue os jovens a iniciar a vida sexual mais cedo, outro argumento desmentido por pesquisas.
Com a interrupção da vacinação nas escolas, a adesão só piorou. O balanço do Ministério da Saúde, com dados de 2014 a 2023, mostra que, entre as meninas, a cobertura vacinal da primeira dose é de 75%, índice que cai para 58% na segunda. Entre os meninos, as taxas são de 52% e 33%, respectivamente.
Os números abaixo da meta tornam distante por aqui a execução do plano da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar a doença que mata uma mulher a cada dois minutos no globo até 2030. Há muito trabalho pela frente.
Fonte: @ Veja Abril
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