Índice de preços maior fez prêmios do Tesouro IPCA+ caírem; prefixados ajustam-se à Selic alta por mais tempo.
Os juros dos títulos públicos estão em movimentos divergentes nesta quinta-feira (25). Após a divulgação do IPCA-15, também chamado de ‘prévia da inflação’, acima das projeções, as perspectivas de aumento da inflação se fortaleceram. Essa informação sugere que os juros podem permanecer elevados por um período prolongado para conter o avanço dos preços.
Diante do cenário de inflação em alta, os investidores buscam se proteger dos impactos nos preços e ajustam suas estratégias financeiras. A expectativa é de que o índice continue pressionado, o que pode influenciar as decisões do Banco Central em relação à política monetária.
Reflexos da Inflação nos Títulos do Tesouro Direto
Com o dólar em alta, a pressão inflacionária continua a crescer, impactando diretamente a taxa básica de juros (Selic), que se mantém acima dos dois dígitos por um período prolongado. Nesse cenário, a tendência de mais juros faz com que os títulos prefixados necessitem oferecer um prêmio maior para atrair investidores.
Na sessão de quinta-feira, os títulos prefixados do Tesouro Direto têm apresentado uma escalada constante. Por volta das 11h30, os papéis com vencimento em 2027 ultrapassaram a marca dos 12%, enquanto os de 2031 permaneceram praticamente estáveis, saindo de 12,34% para 12,35%.
É evidente que os títulos de prazo mais curto são mais sensíveis à política monetária atual, refletindo diretamente a relação entre mais inflação, Selic elevada e maiores taxas nos papéis. Por outro lado, os títulos de prazo mais longo estão mais vinculados aos juros futuros, o que pode explicar a queda nos contratos semelhantes nesta manhã.
No geral, as taxas de juros do Tesouro estão em um patamar ‘esticado’, ou seja, acima do considerado equilibrado na relação risco-retorno. Essa elevação não se deve apenas à inflação local e à Selic, mas também ao aumento dos prêmios nos Estados Unidos.
Com os dados de inflação nos EUA superando as expectativas, a possibilidade de um afrouxamento monetário se torna ainda mais remota. Isso leva os investidores a preferirem a segurança da economia americana, desviando recursos dos mercados emergentes como o Brasil. Como resultado, os títulos brasileiros precisam oferecer prêmios mais atrativos para competir por esses investimentos.
O Tesouro IPCA+, conhecido como o ‘queridinho’ dos investidores, tem sido alvo de atenção. A queda nos títulos de IPCA pode ser explicada pela relação inversamente proporcional entre taxas e preços. Quando as taxas sobem, os preços dos títulos caem e vice-versa.
Com a expectativa de aumento da inflação, os investidores buscam proteção nos títulos IPCA+ para garantir ganhos reais no futuro. Isso gera uma alta demanda, elevando os preços e reduzindo as taxas. O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029, por exemplo, oferecia um retorno real de 6,42% ontem, agora proporciona 6,40% acima do IPCA.
Diante do cenário de inflação no Brasil e nos EUA, os títulos indexados à inflação têm sido amplamente recomendados. Em momentos de incerteza, é natural que esses ativos sejam mais procurados. No entanto, é importante considerar que as negociações desses títulos podem sofrer oscilações significativas, especialmente se houver um consenso generalizado sobre sua atratividade no mercado.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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