Investigações apontam ligação de Brazão com milicianos, controle territorial em áreas ilegais e grilagem de terras no Rio. Mandantes do crime de Marielle teriam infiltrado agente político no PSOL para facilitar ação criminosa.
Neste dia, 18, de maneira unânime, a 1ª turma do STF tornou réus por encomendarem o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, o deputado Federal Chiquinho Brazão, seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro no Tribunal de Contas do RJ, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. O STF demonstrou sua posição firme diante desse grave caso.
O Supremo Tribunal Federal agiu com determinação ao responsabilizar os envolvidos no crime que chocou o país. A decisão da 1ª turma do STF reforça a importância da justiça e da transparência em casos tão sensíveis como este, envolvendo figuras públicas e autoridades. A atuação do Tribunal Federal é essencial para garantir a aplicação da lei e a punição de crimes dessa natureza.
STF na Operação Murder, Inc.
Os três indivíduos foram detidos em março de forma preventiva, com a autorização do ministro Alexandre de Moraes na Operação Murder, Inc., que foi deflagrada pela PGR, pelo MP/RJ e pela PF. A decisão do ministro Alexandre de Moraes foi unânime e seguida pelos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e pela ministra Cármen Lúcia.
Os réus em questão, os irmãos Brazão, possuem uma longa trajetória política no Rio de Janeiro. Chiquinho Brazão, que foi vereador por quatro mandatos e atuou ao lado de Marielle Franco até seu falecimento em 2018, foi eleito deputado Federal em 2022. No entanto, licenciou-se para ocupar o cargo de secretário municipal de ação comunitária, posição que manteve brevemente até fevereiro. A menção de seu nome levou o caso para a Suprema Corte.
Domingos Brazão ingressou no Tribunal de Contas do Estado em 2015, após ter sido deputado estadual desde 1999. Rivaldo Barbosa, que foi delegado, assumiu como chefe da Polícia Civil do Rio em março de 2018, sendo indicado pelo interventor federal Walter Braga Netto. Ele liderou as investigações sobre a morte de Marielle e se comprometeu a solucionar o caso para a família, deixando o cargo em janeiro de 2019 após a posse de Wilson Witzel.
Segundo a delação de Ronnie Lessa, os responsáveis pela execução fazem parte de um grupo político influente no Rio. Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa foram acusados pelo assassinato de Marielle Franco.
A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Luis Augusto Santos Lima, alega que Major Ronald, Laerte Silva de Lima e Marcos Vinicius Reis dos Santos (Fininho) formaram uma milícia local que apoiou as campanhas dos irmãos Brazão em 2010, 2012 e 2014, garantindo votos e eliminando concorrentes.
Os irmãos Brazão teriam beneficiado milicianos com nomeações em cargos públicos e controlado loteamentos ilegais em Jacarepaguá com a ajuda de Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe. Documentos da Polícia Federal confirmam as atividades ilícitas de Robson, que acessava informações restritas da prefeitura para regularizar terras invadidas.
A denúncia também descreve transações imobiliárias fraudulentas e a parceria com Edmilson da Silva Oliveira, conhecido como Macalé, em Osvaldo Cruz. Durante seu mandato, Chiquinho Brazão propôs legislações para facilitar a regularização de áreas de milícia, enfrentando oposição de Marielle Franco e do PSOL, que defendiam a regularização para setores de menor renda.
Para contornar essa resistência, os irmãos Brazão teriam infiltrado Laerte no PSOL e planejado o assassinato de Marielle, com a colaboração de milicianos e do delegado Rivaldo Barbosa, sendo a execução realizada por Ronnie Lessa. A Procuradoria destaca que existem indícios suficientes para a denúncia, baseados na estrutura hierárquica da organização criminosa e nas evidências apresentadas.
Fonte: © Migalhas
Comentários sobre este artigo