Bancos previam cortes de juros em julho, únicos entre pares, mas dados do mercado de trabalho fizeram economistas mudar projeção.
Dois dos bancos que ainda acreditavam que os juros no Brasil poderiam começar a cair em agosto, Itaú e Bradesco ‘jogaram a toalha’ e abandonaram a aposta, após os mais recentes dados sobre a economia brasileira, que mostraram um aumento significativo dos juros.
Essa mudança de perspectiva reflete a cautela do mercado em relação às taxas de juros e ao possível afrouxamento monetário. Com a recente redução nas taxas monetárias, os investidores estão reavaliando suas estratégias e buscando novas oportunidades de investimento.
Mercado de Trabalho e Cortes de Juros nos EUA
Nesta sexta-feira, 7 de junho, o Departamento de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics, em inglês) divulgou que a economia americana registrou a criação de 272 mil novas vagas de trabalho em maio. Este número superou significativamente a média das expectativas dos economistas, que previam a abertura de 172 mil postos de trabalho. O forte crescimento de novas vagas surpreendeu a equipe de macroeconomia do Citi, levando-os a revisar sua projeção para o primeiro corte de juros para setembro.
Enquanto isso, o J.P. Morgan estima que o afrouxamento monetário só terá início em novembro, de acordo com a Bloomberg. As taxas de juros nos Estados Unidos atualmente variam entre 5,25% e 5,50%. O economista-chefe para os Estados Unidos, Andrew Hollenhorst, destacou que, apesar das indicações de desaceleração no mercado de trabalho e na economia americana, o inesperado crescimento de novas vagas em maio pode influenciar a postura do Fed em relação aos cortes de juros.
Hollenhorst projeta que Jerome Powell e sua equipe optarão por três cortes de 0,25 ponto percentual, nas reuniões de setembro, novembro e dezembro. Anteriormente, a expectativa era de quatro reduções desta magnitude, uma em cada reunião do Fed de julho a dezembro. O economista-chefe para os Estados Unidos do J.P. Morgan, Michael Feroli, indicou que a situação do mercado de trabalho sugere que a esperada desaceleração para justificar os cortes de juros pode demorar mais de três meses para se concretizar. O banco revisou suas projeções de cortes para este ano, reduzindo de três para um. Para o próximo ano, a expectativa é de uma redução por trimestre.
Os recentes dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos impactaram os mercados, com a percepção de que o afrouxamento monetário está distante. O Dow Jones fechou o dia com queda de 0,22%, atingindo 38.798,99 pontos; o S&P 500 recuou 0,11%, alcançando 5.346,99 pontos; e o Nasdaq caiu 0,23%, chegando a 17.133,13 pontos. Essas informações também tiveram reflexos no Brasil, juntamente com as preocupações em relação à situação fiscal.
O Ibovespa encerrou com queda de 1,73%, atingindo 120.767 pontos, enquanto o dólar subiu 1,42%, alcançando R$ 5,32. Os economistas do Citi e do J.P. Morgan vinham se destacando em suas análises em Wall Street. De acordo com a Bloomberg, até o início desta semana, pelo menos seis grandes bancos esperavam que os cortes de juros começassem em setembro, enquanto quatro projetavam o início do processo de afrouxamento em dezembro, considerando que os juros altos ainda não estão surtindo os efeitos desejados. O UBS, por exemplo, é um dos bancos que antecipam o início dos cortes em setembro.
O banco suíço inicialmente previa que o processo teria início em junho, mas alterou sua posição após os números acima do esperado da inflação em março. O posicionamento do J.P. Morgan, em particular, contrasta com a visão de seu CEO, Jamie Dimon. Em uma carta aos acionistas divulgada em abril, Dimon mencionou que a situação fiscal e os riscos geopolíticos podem complicar a luta contra a inflação, possivelmente forçando o Fed a manter a política de juros por mais tempo do que o previsto.
Fonte: @ NEO FEED
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