Banco suíço prevê dois cortes dos juros dos EUA em set e dez, contrariando o consenso do mercado, Federal Reserve e projeções sobre a política monetária.
O aumento inesperado da inflação nos Estados Unidos em março pegou economistas e investidores de surpresa, gerando um movimento de análise mais profunda das projeções para o índice de preços ao consumidor (CPI) no ano, bem como para o momento em que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderá iniciar o corte de juros. Este cenário inesperado está levando a um debate intenso sobre os próximos passos da política monetária nos EUA e seu impacto tanto no mercado interno quanto global.
A possibilidade de uma redução das taxas de juros pelo Fed vem sendo amplamente discutida nos círculos financeiros, com muitos apostando em uma mudança de postura do banco central diante do atual panorama econômico. A expectativa por uma possível redução das taxas está provocando diversas reações nos mercados ao redor do mundo, refletindo a sensibilidade dos investidores a qualquer sinalização relacionada à política monetária do Fed.
Projeção das Taxas de Juros: Economistas do UBS Analisam a Redução das Taxas
Em sintonia com o consenso do mercado, os analistas do UBS previam que o primeiro corte de juros seria implementado em junho, com uma diminuição de 0,25 ponto percentual. Contudo, a perspectiva do banco suíço agora aponta que a redução das taxas, atualmente entre 5,25% e 5,50%, terá início em setembro. A expectativa é de apenas um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros ao longo do ano.
O relatório assinado por Jonathan Pingle, Pierre Lafourcade, Alan Detmeister, Amanda Wilcox e Abigail Watt ressalta que a projeção das taxas de juros indica uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião do Fomc em setembro, seguida por outra redução de igual magnitude na última reunião do Fomc do ano, em dezembro.
De acordo com os economistas do UBS, a análise dos dados do CPI de março e a expectativa para o índice de inflação que será divulgado antes da reunião de junho reduziram consideravelmente a probabilidade de um afrouxamento monetário anterior a setembro. Em março, a inflação atingiu 3,5% em 12 meses.
O mercado também foi surpreendido pela criação de 303 mil empregos nos Estados Unidos em março, número acima do esperado, o que contribui para adiar o início dos cortes de juros americanos. A força da inflação e o mercado de trabalho robusto superando as projeções do Fomc em março dificultam a implementação de cortes nos juros antes de setembro.
Enquanto o cenário aponta para cortes de juros nos Estados Unidos, o Federal Reserve adota uma postura mais cautelosa. O presidente da autoridade monetária americana, Jerome Powell, ressaltou que a economia forte permite ao banco central agir com prudência antes de iniciar um ciclo de redução dos juros. Da mesma forma, Neel Kashkari, presidente do Fed Minneapolis, alertou que a falta de queda na inflação pode adiar os cortes de juros em 2024.
No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, demonstra preocupação com os desdobramentos da política monetária americana. Durante evento do Bradesco BBI, Campos Neto destacou que o processo de desinflação teve um momento de estagnação, com o CPI mantendo-se em torno de 3,2%. A incógnita agora é identificar a fonte que impulsionará a completa redução dos preços.
Fonte: @ NEO FEED
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