Presidente cubano alerta para uso da crise econômica e escassez de alimentos por inimigos da Revolução para causar desestabilização.
O protesto em Santiago, ocorrido no domingo (17), foi um evento marcante que reuniu centenas de pessoas em uma demonstração de insatisfação. A mobilização popular foi suficiente para chamar a atenção não apenas localmente, mas também internacionalmente, evidenciando a força do movimento de protesto.
A revolta da população santiaguense é reflexo de um descontentamento latente que vem se acumulando ao longo do tempo. Os cidadãos clamam por mudanças e por seus direitos, em meio a uma crescente onda de manifestações que só tende a aumentar. A voz do povo, mais uma vez, se faz ouvir através da rebelião pacífica nas ruas de Santiago.
Manifestações em Santiago: Protesto por energia e comida
Os manifestantes em Santiago saíram às ruas com gritos de ‘energia e comida’, de acordo com vídeos postados nas mídias sociais, com apagões em alguns lugares se estendendo por 18 horas ou mais por dia, colocando em risco os alimentos congelados e aumentando as tensões na ilha.
Cuba entrou em uma crise econômica quase sem precedentes desde a pandemia da Covid-19, com uma grande escassez de alimentos, combustível e medicamentos, o que provocou um êxodo recorde de mais de 400 mil pessoas que migraram para os Estados Unidos.
Governo confirma que houve protestos
Díaz-Canel confirmou o protesto em Santiago na plataforma de mídia social X, logo após o término da manifestação.
‘Várias pessoas expressaram sua insatisfação com a situação do serviço elétrico e da distribuição de alimentos’, disse Díaz-Canel.
‘A disposição das autoridades do Partido, do Estado e do Governo é atender às reclamações do nosso povo, ouvir, dialogar, explicar os diversos esforços que estão sendo realizados para melhorar a situação, sempre em uma atmosfera de tranquilidade e paz.’ Díaz-Canel também afirmou que ‘terroristas’ dos Estados Unidos estavam tentando fomentar novas revoltas.
‘Esse contexto será aproveitado pelos inimigos da Revolução para fins de desestabilização’, disse Díaz-Canel no X. A polícia chegou a Santiago para ‘controlar a situação’ e ‘evitar a violência’, de acordo com um relato publicado na mídia social pela estatal CubaDebate. Não ficou imediatamente claro se alguém havia sido preso durante o protesto.
Beatriz Johnson, uma autoridade do Partido Comunista de Santiago, disse que os manifestantes na cidade do leste cubano foram respeitosos e ouviram atentamente as explicações do governo sobre a escassez de alimentos e eletricidade. Vídeos nas mídias sociais sugerem que a manifestação foi pacífica.
A capital cubana, Havana, e locais periféricos pesquisados pela agência de notícias Reuters pareciam calmos no final da noite de domingo. A Reuters não pôde confirmar imediatamente a veracidade de vídeos nas mídias sociais de supostos protestos em outras cidades cubanas.
EUA falam sobre protestos, Cuba reage
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Vedant Patel, disse que os protestos em Cuba ‘refletem uma situação desesperada’ e considerou ‘absurda’ a acusação de que está por trás das manifestações.
No domingo à noite, a embaixada dos EUA em Cuba publicou na rede X uma mensagem para pedir ao governo cubano ‘o respeito aos direitos humanos dos manifestantes e atender às necessidades legítimas do povo cubano’.
O governo de Cuba reagiu nesta segunda-feira (18): convocou o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Havana, Benjamin Ziff, à chancelaria pela ‘conduta intervencionista’ do governo americano durante os protestos.
O vice-ministro de Relações Exteriores, Carlos Fernández de Cossío, ‘transmitiu formalmente’ a Ziff ‘o firme repúdio à conduta intervencionista e às mensagens caluniosas do governo americano e sua embaixada em Cuba sobre assuntos internos da realidade cubana’, disse a chancelaria em um comunicado.
Veja abaixo uma reportagem de 2022 sobre centenas de pessoas condenadas em Cuba por participarem de protestos.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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