Alguns rejeitam smartphones, buscam celulares simples. Margens de lucro baixas, mercado instável.
O iPhone faz 17 anos em 2022. A introdução do aparelho com controle por tela sensível ao toque (touchscreen) foi um marco que moldou nossas expectativas em relação aos smartphones a partir desse momento.
Os celulares inteligentes revolucionaram a forma como nos comunicamos e interagimos com a tecnologia. Desde o lançamento do iPhone, a evolução dos smartphones tem sido constante, trazendo cada vez mais inovações para facilitar nosso dia a dia. A popularidade dos smartphones só cresce, mostrando como esses dispositivos se tornaram essenciais em nossa vida moderna.
Reflexão sobre o Impacto dos Smartphones na Vida Moderna
Quase uma geração inteira cresceu sem conhecer a vida sem um smartphone. Tempo suficiente se passou para que as pessoas aprendessem sobre os benefícios e malefícios desses dispositivos em suas vidas, seja por inúmeros estudos científicos, seja por suas próprias experiências. Muitas pessoas estão agora cientes dos custos de ter o mundo ao alcance dos dedos e estão rejeitando as maneiras como esses celulares inteligentes podem prejudicar a concentração, afetar o sono e agravar problemas de saúde mental.
Existem várias maneiras relativamente simples de lidar com essas questões, como instalar aplicativos que limitam o tempo de tela. No entanto, algumas pessoas estão decidindo ir mais longe, voltando a um tempo antes da conexão constante. Elas estão migrando para dumbphones (em oposição aos smartphones), um termo abrangente para celulares com funções básicas, como chamadas, mensagens de texto e alarmes. Alguns dumbphones lembram os celulares flip dos anos 90. Outros são produtos de nicho, de alto padrão, que proporcionam uma experiência de smartphones simplificada a um custo surpreendentemente alto.
Em alguns casos, pais preocupados estão optando por esses dispositivos como uma forma de manter seus filhos longe das distrações de um smartphone. Mas o mercado também inclui idosos que desejam algo simples; trabalhadores em indústrias pesadas, como construção civil ou agricultura, que precisam de aparelhos resistentes; e usuários comuns que não podem pagar o preço médio de um smartphone, muitas vezes acima de US$ 500 (R$ 2.040), sendo que os smartphones topo de linha podem custar até US$ 1.600 (R$ 6.630).
No Brasil, o valor de um iPhone pode chegar a cerca de R$ 14 mil. Abandonar esses dispositivos também se tornou uma tendência: adolescentes desesperados para escapar das redes sociais estão se autoproclamando neo-luditas. Eu sabia que precisava tentar também. Crescendo em uma casa sem consoles de videogame no início dos anos 2000, jogava Halo e Borderlands na casa de amigos até ficar tonto e desorientado. Mais tarde, como repórter de jornal, absorvia a enxurrada de informações do Twitter entre os prazos de entrega e depois passava horas rolando notícias quando chegava em casa.
Durante a pandemia, abandonei o Twitter, mas sucumbi ao Instagram Reels. A sensação de estar sempre conectado corroía meu bem-estar. Sair do universo dos smartphones parecia perfeito para mim. No entanto, fazer isso, na prática, foi um pouco mais difícil do que eu esperava. Primeiro, tive dificuldade para conseguir um dumbphone. Havia poucas opções e menos recomendações ainda, um contraste gritante com os milhões de análises de smartphones na internet. Finalmente encontrei um site do escritor e defensor dos dumbphones Jose Briones, que oferece um ‘localizador de dumbphones’.
Acabei escolhendo um CAT-S22, um celular flip semi-inteligente, que tem acesso a aplicativos como Google Maps. Custou US$ 69 (R$ 352) e termina qualquer chamada com um estalido satisfatório. Quanto mais aprendia sobre os benefícios de se desconectar um pouco do mundo dos smartphones, mais convencido ficava de que essa era a escolha certa para mim. A sensação de controle sobre o tempo gasto nas telas e a conexão mais consciente com o mundo ao meu redor eram benefícios tangíveis que valiam a mudança.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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