Grupos criminosos usaram rastreadores de Apple para monitorar toneladas de cocaína oculta em malas, entrepostos de droga e navios com mergulhadores.
Uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, deflagrada em 7 de abril, desbaratou uma organização criminosa envolvida no tráfico de drogas no país. A quadrilha, ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), estava escondendo a droga em casco de navio no Porto de Santos, com a ajuda de mergulhadores para realizar o esconderijo. A prisão de 19 pessoas foi um dos resultados da operação.
A investigação foi realizada após a apreensão de um navio com 2,3 toneladas de cocaína em 2019. A substância estava escondida em condições de naufrágio no porão do navio, que foi descoberta em locais ocultos e escondidos no navio. A droga era destinada ao narcotráfico no Brasil. A prisão de 19 pessoas foi um dos resultados da operação. Durante a investigação, a polícia descobriu que a quadrilha estava envolvida em um tráfico de entorpecentes envolvendo navios que aportavam no Porto de Santos com mercadorias escondidas em cascos de navios. O tráfico de drogas foi um dos pontos focais da investigação.
Traficantes de drogas usam tecnologia para escapar da mira da lei
A quadrilha que traficou mais de uma tonelada de entorpecentes em dez meses usou uma artimanha inusitada para escapar da mira da Polícia Federal: colocou rastreadores de viagem nas bolsas de lona à prova d’água, junto com a cocaína, para monitorar as suas malas durante as longas viagens – até a Espanha, China e Coreia do Norte. E foi justamente os dados de acesso desses dispositivos que levaram a PF à quadrilha. A artimanha indica que os traficantes resolveram um problema comum em outros episódios em que mergulhadores esconderam drogas em cascos de navio: encontrar o entorpecente no destino da remessa.
Uma situação semelhante foi identificada na Operação Eureka, quando os traficantes brasileiros colocaram um carregamento de cocaína no navio MSC Agadir, que rumou para o porto de Gioia Tauro, na Calábria, no sul da Itália. A droga devia ser recuperada em janeiro de 2020 por mergulhadores italianos, mas eles não conseguiram encontrar o carregamento, o que irritou os mafiosos italianos. Ou quando o carregamento de droga em vez de ser expedido para o porto calabrês foi colocado em um navio que rumou para Antuérpia, na Bélgica. Os detalhes do modus operandi da quadrilha ligada ao PCC constam de decisão do juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, que colocou a Polícia Federal no encalço da quadrilha na Operação Taeguk.
A ofensiva foi às ruas para cumprir dez ordens de prisão preventiva e vasculhar 39 endereços em São Paulo – capital, Santos, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, Bertioga, Caraguatatuba e Paraibuna -, Rio de Janeiro – Duque de Caxias -, Pará – Belém e Barcarena – e Maranhão – São Luís. De tais alvos, cinco foram presos na Baixada Santista – Guarujá (4) e Santos (1) – e um já estava encarcerado. Outros quatro estão foragidos. A reportagem busca contato com os investigados. Os alvos das ordens de prisão são supostos expoentes da organização criminosa: Marcel Santos da Silva; Juan Santos Borges Amaral; Carlos Alberto de Almeida Melo, o ‘Barbinha’; Francisco Frutuoso Neto, o Manga ou SSCP; Julio Enrique Ramirez Ochoa, ‘Gringo’; Luan Santos Dantas, o ‘Fé em Deus’; Ryan Kageyama Santos; Sergio Luiz Alves dos Santos, o ‘Braço’, Valmir de Almeida; e Rodrigo Borges Amaral.
A PF ainda investiga a participação de uma série de outros investigados nos crimes. Aponta inclusive que a extensão dos relacionamentos das pessoas associadas à quadrilha ‘é extremamente ampla, alcançando funcionários e seguranças do Porto de Santos’. Os nomes de Marcel e de Juan foram descobertos pela PF após a apreensão, em janeiro, na Coreia do Sul de 100 quilos de cocaína escondidos no compartimento subaquático do barco M/V Hyundai Oakland. A embarcação havia partido do Porto de Santos com bolsas de lona à prova d’água escondidas dentro da válvula de entrada. Na bolsa também havia oito Airtags – sete comprados e provavelmente instalados em Hong Kong e um por um dos traficantes.
Mesmo com esses rastreadores, a quadrilha conseguiu escapar da mira da lei por algum tempo. A quadrilha usava entrepostos de drogas para distribuir o entorpecente, o que dificultava a ação da PF. Os entrepostos de drogas eram frequentemente usados em operações de tráfico, inclusive a Operação Eureka, que teve como alvo a quadrilha que colocou cocaína no navio MSC Agadir.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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