Juro alto no Brasil é atrativo aos estrangeiros, mas estímulo fiscal preocupa. PIB forte e margem de tolerância ajudam, apesar do descompasso entre estrutura de juro e ambiente doméstico.
O ano de 2024 promete ser um divisor de águas para os investidores que buscam oportunidades de crescimento em um cenário econômico em expansão. Com uma previsão de crescimento da economia superior a 3% e uma inflação que deve ultrapassar 4%, os indicadores apontam para um cenário favorável para os investidores que estão dispostos a apostar no mercado.
No entanto, é importante considerar que a gestão eficaz dos recursos é fundamental para maximizar os retornos. Um gestor experiente pode fazer toda a diferença na hora de tomar decisões de investimento, especialmente em um cenário de alta volatilidade. Além disso, os cotistas devem estar atentos às mudanças no mercado e ajustar suas estratégias de investimento de acordo. A chave para o sucesso é a diversificação e a disciplina. A longo prazo, a paciência e a perseverança são fundamentais para alcançar os objetivos de investimento.
Investidor e o Cenário Econômico Atual
Com a utilização da margem de tolerância para o déficit primário previsto no arcabouço fiscal, o risco de mudança da meta é temporariamente afastado. No entanto, esse risco voltará a ser uma preocupação em 2025. Enquanto isso, o governo ganha tempo para ampliar suas fontes de receita, enquanto o Banco Central controla os efeitos da atividade sobre a inflação com a taxa Selic, que também é alta e em ascensão, influenciando toda a estrutura de juro no país. O crédito pode ser prejudicado por uma maior inadimplência. Para investidores mais experientes, no entanto, essa situação é uma oportunidade atraente.
O Papel do Investidor no Mercado
A combinação de juro alto e ascendente com o diferencial entre a taxa local e a norte-americana é um fator que chama a atenção, mas não é um milagre. Embora o descompasso entre juro doméstico e externo seja uma condição atrativa para o investidor retornar ao Brasil, não é suficiente para garantir uma grande entrada de capital estrangeiro no país, como alerta Daniel Campanini, gestor e responsável pela área de fundos multimercados da Western Asset Brasil, que administra cerca de R$ 40 bilhões no país junto a 130 mil cotistas.
Em entrevista ao NeoFeed, o gestor local da Western, especialista em renda fixa e uma das principais gestoras globais independentes com quase US$ 400 bilhões sob administração, lembra que a participação de estrangeiros na dívida pública brasileira é atualmente baixa, em comparação com patamares históricos. A fatia dos estrangeiros na dívida mobiliária caiu para um dígito em 2020 e atingiu 9,8% em julho deste ano, segundo o Tesouro, distante dos 20% em 2014 e 19% em 2015.
O Ambiente Doméstico e o Investidor
A perda observada nos anos seguintes, em que o Brasil enfrentou as consequências da recessão histórica de 2015 e 2016, não foi recuperada. Além disso, a queda na participação de estrangeiros também se aplica à bolsa de valores. Enquanto durou a expectativa de ação agressiva do Fed em cortes de juro por melhora da inflação no segundo semestre de 2023, a B3 registrou entradas. Com a reversão de expectativas quanto à ação do Fed, que só reduziu sua taxa em setembro deste ano, o fluxo virou, observa Campanini.
O cenário também foi prejudicado pelo ambiente doméstico tumultuado pelo ruído fiscal e a desancoragem das expectativas inflacionárias. A questão fiscal não é privilégio do Brasil, e o investidor internacional considera esse fator ao tomar decisões de investimento. Em 2022, a B3 atraiu R$ 100 bilhões de capital estrangeiro para ações listadas. Em 2023, foram cerca de R$ 45 bilhões, com ingresso de quase R$ 39 bilhões em apenas dois meses. Já em 2024, a saída de estrangeiros chegou a superar R$ 43 bilhões até junho. Mais recentemente, a partir de julho, o fluxo melhorou, mas a perda de volume, no ano, ainda ronda R$ 26 bilhões.
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo