Fundada em 1986: minha livraria, Librairie Portugaise & Brésilienne. Apaixonei em literatura portuguesa, trabalho como tradutor. Loja ocupa, prateleira exclusiva. História: brasileira, cultura buscada pelos franceses. Maioria brasileiros autores, traduzidos. Antologias poéticas, livro história nossa.
Ao retornar a São Paulo, Maria percebeu que carregava consigo um tesouro de histórias e conhecimento adquirido em suas viagens. Advogada de profissão, ela havia passado um tempo em Buenos Aires para um curso de especialização. Foi lá que se encantou pela diversidade cultural e decidiu explorar mais sobre literatura latino-americana, encontrando na livraria da esquina um verdadeiro paraíso de livros.
Decidida a expandir seus horizontes literários, Maria decidiu visitar uma livraria especializada em literatura latino-americana. Lá, encontrou não apenas livros, mas também um ambiente acolhedor e inspirador. Com novas obras em mãos, sentiu-se pronta para mergulhar em novas aventuras literárias, explorando diferentes culturas e perspectivas. A experiência na livraria a motivou a continuar sua busca por conhecimento e novas histórias para enriquecer sua biblioteca pessoal.
Uma paixão pela literatura portuguesa
Decidiu que abandonaria a biologia para se dedicar aos livros assim que retornou a Paris. Ao voltar à França, meu desejo era manter meu contato com a cultura em língua portuguesa. Comecei a trabalhar como tradutor e logo me apaixonei por relatos magníficos de viagem em português, como a carta de Pero Vaz de Caminha, compartilha Michel Chandeigne.
Conversei com editoras portuguesas sobre a possibilidade de colaborar com elas aqui na França, mas infelizmente não aceitaram. Foi então que decidi fundar minha própria livraria. Assim, em 1986, nasceu a Librairie Portugaise & Brésilienne, em uma pequena sala próxima a locais históricos de Paris, como o Jardin de Luxembourg e o Panthéon.
Atualmente, a livraria ocupa um espaço em frente à Place de l’Estrapade, onde a fonte de água se tornou recentemente famosa por ser um dos cenários da série Emily in Paris. Milhares de livros de renomados autores brasileiros, de Graciliano Ramos a Darcy Ribeiro, adornam a vitrine e as prateleiras da loja.
Os alicerces desse acervo brasileiro são em grande parte devido a outro amor de Michel: sua esposa, que ele conheceu no mundo reservado da literatura em língua portuguesa na França. ‘Foi com ela, Ariane Witkowski, que descobri mais sobre a cultura e os intelectuais brasileiros’, relata o livreiro.
Professora na Sorbonne, a especialista em literatura brasileira faleceu em 2003, deixando como legado a essência brasileira da livraria. ‘Os brasileiros que frequentam a loja gostam muito de adquirir traduções para presentear amigos franceses’, explica Michel, apontando para uma prateleira exclusiva de Machado de Assis. ‘Os livros mais procurados são os de Machado, especialmente ‘O Alienista’.’ Outros favoritos que também conquistam o coração do livreiro são Guimarães Rosa, Jorge Amado e Clarice Lispector.
A trajetória da livraria se entrelaça com a intensa relação entre França e Brasil, uma conexão que remonta às expedições coloniais e científicas do século XVI, como a França Antártica e a França Equinocial, e chega até eventos mais recentes, como as marcantes passagens de intelectuais e pesquisadores como Levi Strauss e Pierre Verger pelo Brasil.
‘É uma relação que perdura há séculos, desde as viagens de Debret ao Brasil no século XVII’, afirma Michel. ‘Sempre houve esse interesse dos franceses pela cultura brasileira. Durante os primeiros mandatos de Lula, esse interesse cresceu significativamente, com um grande ímpeto e várias empresas em busca de negócios’, acrescenta.
Esse interesse levou Michel a fundar sua própria editora ligada à livraria em 1992. A Maison Chandeigne já publicou 260 livros, sendo a maioria de autores brasileiros traduzidos para o francês. Entre os clássicos estão antologias poéticas de Drummond e Fernando Pessoa, assim como obras mais específicas, como o livro que narra a história do futebol no Brasil, escrito por Michel Raspaud.
Fonte: @ CNN Brasil
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