PwC investigada por inflar receitas da Evergrande. Além disso, enfrenta processos por fraudes e práticas irregulares no Brasil e no mundo.
Em setembro de 2021, o mercado financeiro foi abalado pela crise da Evergrande, uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China. Com uma dívida de mais de US$ 300 bilhões, a Evergrande lutava para honrar seus compromissos, causando instabilidade nos mercados globais.
A situação da Evergrande se agravou quando a incorporadora chinesa não conseguiu realizar o pagamento de juros devidos em algumas de suas emissões de títulos. Com a incerteza em relação ao futuro da empresa, investidores ao redor do mundo acompanhavam atentamente os desdobramentos do escândalo que envolvia a gigante do setor imobiliário.
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Evergrande em destaque após crise imobiliária na China
A bola da vez que está colocando o nome da empresa em jogo é o caso da Evergrande, incorporadora chinesa que, em 2021, foi o estopim da situação de crise imobiliária na China e da onda de calotes do setor no país. E que, em janeiro deste ano, teve sua liquidação decretada por um tribunal de Hong Kong.
No capítulo mais recente desse caso, o grupo foi multado na última quarta-feira em US$ 580 milhões pela Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), sob a acusação de que o Hengda Real Estate Group, uma de suas empresas, inflou suas receitas em cerca de US$ 78 bilhões, em 2019 e 2020.
Nesta sexta-feira, em mais um desdobramento dessa história, a agência Bloomberg informou que a CSRC está investigando o papel da PwC nesse episódio. As autoridades estão conversando com profissionais da empresa que atenderam a Evergrande. Mas ainda não há uma decisão sobre sanções.
Investigação da capacidade de seguir operação
‘A verificação desse tipo de distorções é uma das rotinas de auditoria mais básicas’, afirmou Richard Murphy, professor de práticas contábeis da Universidade de Sheffield, à Bloomberg.
O risco para a reputação da PwC, não apenas na China, mas de forma mais ampla, é muito real.’ Na prática, a Evergrande registrava receitas de vendas contratadas antes de concluir e entregar seus projetos aos clientes. A empresa começou a ter problemas de fluxo de caixa em 2021 e, no fim do mesmo ano, deixou de cumprir suas obrigações, com mais de US$ 300 bilhões em débitos.
PwC sob investigação em diversos mercados
Embora boa parte da culpa seja atribuída a Hui Ka Yan, fundador da Evergrande, o fato de o grupo estar com sua falência decretada em Hong Kong pode respingar na PwC. Na tentativa de recuperar recursos dos credores, esse processo pode passar por pedidos de indenização junto à firma de auditoria.
Ainda em Hong Kong, a PwC também está sendo investigada pelo Financial Reporting Council por não ter identificado a capacidade da Evergrande de seguir com sua operação. O processo cobre os dados da incorporadora nos anos de 2020 e de 2021. Os riscos da empresa não se restringem, porém, a Evergrande.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, entre as ‘big four’, a PwC foi a mais atuante entre as incorporadoras chinesas durante o boom imobiliário no país. Nessa carteira, a empresa atendeu nomes que, posteriormente, também deixaram de pagar suas dívidas, como Country Garden e Sunac. Ainda não está claro, porém, se essas e outras incorporadoras tiveram práticas semelhantes a Evergrande.
Escândalos e problemas em outros mercados
O alvo das autoridades chinesas não está, porém, centrado apenas na PwC. Em 2023, por exemplo, a Deloitte foi multada em 212 milhões de yuans e teve as operações do seu escritório suspensas por três meses por ‘sérias deficiências de auditoria’ na estatal China Huarong Asset Management.
No caso da PwC, a investigação da CSRC só agrava um cenário que, além da China, já inclui escândalos e problemas em outros mercados. Um exemplo é a Austrália, onde a empresa foi acusada de divulgar planos fiscais confidenciais do governo a clientes.
Já no Reino Unido, em março de 2023, o grupo foi multado em 7,5 milhões de libras esterlinas (US$ 8,9 milhões) por falhas e ‘violações graves’ na auditoria do Babcock International Group, referente aos anos de 2017 e 2018.
No Brasil, a PwC também está no centro de processos administrativos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar, entre outras questões, eventuais irregularidades em sua atuação no caso da Americanas. O grupo era o responsável por auditar os balanços da varejista desde 2019.
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Fonte: @ NEO FEED
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