Detectadas 220 transferências suspeitas, 160 para conta bancária de ex-servidora investigada. Disse estar disponível para esclarecimentos.
O desvio de verbas de pesquisa do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, divulgado em fevereiro deste ano, foi identificado em uma investigação interna da instituição, podendo atingir o montante de R$ 2,3 milhões.
Diante da importância de garantir a transparência na utilização dos recursos destinados à pesquisa, a Unicamp está tomando medidas para fortalecer os mecanismos de controle e prevenção de desvios de valores, visando assegurar a integridade e eficácia dos investimentos realizados.
Investigação de Verbas na Unicamp
A servidora suspeita pelo crime, Ligiane Marinho de Ávila, foi demitida em dezembro de 2023 e, desde fevereiro deste ano, é investigada pela Polícia Civil. O g1 apurou que a Unicamp detectou cerca de 220 transferências bancárias suspeitas feitas pela servidora. Ela era a responsável por cuidar da parte de pagamento de recursos obtidos com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pelos pesquisadores do IB.
Detalhes das Transferências Bancárias Suspeitas
Parte significativa das transferências, aproximadamente 160, foi direcionada para a conta da própria servidora, totalizando um valor de R$ 1,2 milhão. Os outros 700 mil foram transferidos para duas empresas e duas pessoas físicas também alvos da investigação da Polícia Civil. As transferências suspeitas ocorreram entre setembro de 2018 e janeiro de 2024, com valores variando entre R$ 400 e R$ 80 mil cada. Nas notas fiscais, diversas justificativas foram apresentadas, como compra, transporte, manutenção de equipamentos, desenvolvimento de softwares e sites.
Desdobramentos da Investigação
Na última terça-feira (21), a Polícia Civil solicitou à Justiça a prorrogação do inquérito, alegando a necessidade de mais tempo para investigar o caso devido ao acúmulo e excesso de serviço. O Ministério Público concordou com a prorrogação, aguardando a decisão judicial.
Apuração de Recursos e Fundos na Unicamp
Pelo menos 27 professores do Instituto de Biologia relataram ter identificado movimentações suspeitas em verbas de pesquisa. Em um caso, o desvio atingiu R$ 245 mil. Os professores afirmaram em petição à polícia que uma investigação interna revelou o uso de uma empresa aberta pela suspeita para emitir notas fiscais fraudulentas, descrevendo serviços inexistentes, simulando contratações para ocultar a apropriação irregular dos valores.
Responsabilidade na Gestão de Valores
Os docentes explicaram que a investigada atuava na Secretaria de Apoio Institucional ao Pesquisador (SAIP), responsável por operacionalizar as verbas recebidas pelo IB para pesquisa. Após o recebimento do financiamento, o docente pesquisador encaminhava a documentação necessária, incluindo cartões, números de conta bancária e senhas, para a servidora realizar as transferências. A Unicamp informou que continuará acompanhando a apuração interna e tomará as medidas cabíveis após sua conclusão.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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