Brasileiros encontram produtos em boas condições mergulhando em dumpsters, em uma espécie de caça ao tesouro.
A fila dava volta no Parque Ibirapuera, região central de São Paulo, em uma tarde de outubro. Depois de minutos de espera, algumas pessoas choravam de emoção pela chance de encontrar a influenciadora digital brasileira Carolina Silva, que mora no Canadá e se tornou uma referência em vídeos de catadores de lixo.
Enquanto isso, a conscientização sobre a separação correta de resíduos e rejeitos ganha cada vez mais espaço nas redes sociais, incentivando a população a repensar seus hábitos e cuidar do meio ambiente. É fundamental lembrar que a reciclagem e o descarte adequado de detritos são ações essenciais para garantir um planeta mais sustentável para as futuras gerações.
Explorando o Mundo do Lixo
A expressão em inglês ‘dumpster diving’ significa mergulhar na lixeira e descreve a prática de pessoas que reviram caçambas de lixo em busca de produtos em boas condições ou até mesmo novos que foram descartados. É uma atividade que tem ganhado popularidade, especialmente entre os brasileiros ávidos por vídeos sobre o lixo nos Estados Unidos.
No Brasil, a brasileira Adeline, conhecida youtuber, trouxe dezenas de produtos encontrados em lixeiras para um encontro em São Paulo, onde os sorteou entre seus seguidores. Entre os itens estavam maquiagens, bolsas e objetos de decoração, todos resgatados do lixo. Essa prática tem sido retratada em diversos canais do YouTube e perfis no Instagram, que mostram famílias inteiras mergulhando em lixeiras em busca de tesouros descartados.
A fascinação dos brasileiros por essa prática se dá pelo contraste do desperdício nos Estados Unidos, onde os americanos descartam uma quantidade impressionante de produtos em perfeitas condições. Alessandra Gomes, uma capixaba que vive em Massachusetts, também se aventura no ‘dumpster diving’ e já encontrou desde edredons e sofás até alimentos ainda consumíveis.
Nos Estados Unidos, a prática do ‘dumpster diving’ não é ilegal em si, mas pode envolver questões legais dependendo das leis locais. Em 1988, a Suprema Corte decidiu que não há expectativa de privacidade no lixo deixado na calçada, mas invadir propriedades privadas ou desrespeitar proibições de mexer em lixeiras fechadas pode resultar em acusações de invasão ou incômodo público.
Alguns brasileiros que gravam vídeos dessa prática já tiveram problemas legais nos EUA, como detenções e audiências judiciais, após lojas ou autoridades locais denunciarem suas atividades. No entanto, muitos vídeos mostram funcionários de lojas permitindo que continuem ou pedindo para sair, sem maiores consequências.
André da Silva, um brasileiro com mais de 300 mil seguidores no Facebook, conta que já foi abordado pela polícia diversas vezes durante suas filmagens, mas geralmente explica sua atividade e não enfrenta problemas graves. O sociólogo Jeff Ferrell destaca que o ‘dumpster diving’ é uma prática antiga nos EUA, que agora ganha destaque nas redes sociais de outros países, como o Brasil.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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