Brasil não será afetado pela desaceleração do mercado imobiliário chinês, segundo Economista-chefe do BV. Pandemia não deve impactar urbanização e vendas de edifícios comerciais.
A crise imobiliária na China se agravou ainda mais com a pandemia de Covid-19, trazendo consequências devastadoras para o mercado local. O que antes era um cenário de crescimento constante, agora se transformou em incertezas e instabilidades para investidores e proprietários de imóveis.
Com a crise do mercado imobiliário em progresso, o cenário econômico do país entrou em um período de forte desaceleração. A incerteza e o medo dominam os investidores, que buscam alternativas para se proteger de um cenário negativo cada vez mais evidente.
Impacto da Crise Imobiliária no Mercado Chinês
As incorporadoras que surfaram os bons momentos da construção agora se viam em um País com a população diminuindo e empobrecendo, o que gerou a diminuição da demanda, a queda no preço dos prédios e o esvaziamento de edifícios. Esta crise imobiliária impulsionou empresas do setor a buscarem empréstimos para lidar com o cenário negativo enquanto a bolha estourava.
Nos primeiros dois meses de 2024, as vendas de edifícios comerciais caíram cerca de 20,5% e os investimentos no setor registraram queda de 9%, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China. Enquanto a crise do mercado imobiliário chinês afeta o crescimento local, outras nações também já sentem os efeitos das instabilidades na segunda maior economia do mundo.
Posicionamento do Brasil Frente à Crise Imobiliária Chinesa
O Brasil, entretanto, não deve sofrer tanto com o declínio observado no mercado imobiliário chinês. É isso que afirma Roberto Padovani, Economista-chefe do banco BV. ‘Hoje somos menos dependentes do ciclo econômico da China, o que suaviza o impacto dessa desaceleração’, argumenta. ‘Pelo contrário, nos tornamos um grande exportador global de commodities para outros mercados’, acrescenta.
O economista observa que a diminuição do ritmo de crescimento da China está ligada à queda do poder de consumo da população e a necessidade das empresas locais de renegociarem suas dívidas. Este cenário faz com que o País demande menos matérias-primas do mercado brasileiro. Por outro lado, a diminuição da demanda chinesa contribui com o barateamento da matéria-prima global.
Impacto Global da Crise Imobiliária Chinesa
Padovani argumenta que a crise imobiliária em curso na China também não é capaz de influenciar o mercado brasileiro.
‘Há a impressão de que depois da pandemia, passamos a ter mercados globais menos integrados, o que favorece países emergentes’, adianta. ‘O cenário da crise imobiliária chinesa exerce o efeito contrário e gera fatores que alimentam a renda, o crédito e a confiança no Brasil.
A justificativa é que a queda de juros fomenta a preservação da renda e de crédito, fomentando o consumo do brasileiro a longo prazo. ‘Se a crise imobiliária chinesa se recuperar rapidamente poderia gerar alguma pressão por commodity no mundo. Porém, nem assim eu vejo o BC impedido de cortar os juros’, pontua o economista.
Ele avalia, entretanto, que um cenário de recuperação repentina é improvável. ‘O que estamos vendo na China não é novo. É algo comum a países que crescem muito rápido em pouco tempo, como já aconteceu no Japão e na Coréia do Sul. Fatores como crédito forte e renda favorável vão criando uma bolha e quando você desacelera o crescimento, a bolha fura.
Estamos vivenciando um longo período de ajustes até a normalização’, observa. Para Padovani, a experiência chinesa deve seguir um processo lento de redução de endividamento das empresas. ‘A crise imobiliária tem convencido os investidores que a desaceleração que tem sido vista na China desde 2012 vai continuar. O debate é quanto. Ao invés de crescer 9% ao ano, pode ser 3%.
É um mundo em que teremos commodities com um preço mais estável e isso constrói um cenário para o futuro sem uma exuberância’. Leia mais: Valores de bens imobiliários no metaverso despencam Confira os bairros de São Paulo com mais imóveis vendidos no primeiro semestre O que fazer se a construtora atrasar a entrega do seu apartamento?
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Fonte: © Estadão Imóveis
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