Itamaraty questiona registro de opositora ao governo Maduro. Venezuela acusa nota de influência americana. Lula e Jorge Morán citados.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela criticou a nota do Itamaraty, classificando-a como ‘intervencionista’ e cheia de comentários repletos de ‘profundo desconhecimento e ignorância’ em relação às próximas eleições no país.
A polêmica entre os Ministérios das Relações Exteriores do Brasil e da Venezuela aumentou a tensão pré-eleitoral na região, com ambos os países trocando acusações sobre a interferência em questões relacionadas à eleição venezuelana.
Chancelaria brasileira se manifesta sobre eleições presidenciais na Venezuela
No documento divulgado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou ‘expectativa e preocupação’ com os desdobramentos das eleições presidenciais venezuelanas, que estão marcadas para o dia 28 de julho.
A principal força de oposição do país afirmou que enfrentou dificuldades para inscrever sua candidata, Corina Yoris, no site do Conselho Nacional Eleitoral, responsável pela condução do processo eleitoral. O prazo para a inscrição encerrou às 23h59 da última segunda-feira.
‘Observa-se que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, um importante grupo político de oposição, e que não enfrentava questões judiciais, foi impossibilitada de registrar sua candidatura, o que vai contra os acordos firmados em Barbados.
Até o momento, não houve uma explicação oficial para essa proibição’, trecho do comunicado do Itamaraty.
Analistas políticos acreditam que o impedimento de Corina Yoris tem motivações políticas. Jorge Morán, cientista político, disse à agência AFP que o chavismo busca uma repetição do cenário de 2018, quando a oposição boicotou as eleições presidenciais vencidas por Maduro.
Tentativa de influência de Lula
De acordo com especialistas consultados pelo portal g1 e pela GloboNews, a iniciativa do presidente Lula em estimular o processo eleitoral na Venezuela é válida. No entanto, a chance de que as ações do líder brasileiro influenciem positivamente Maduro são consideradas ‘pequenas’, principalmente diante dos recentes comportamentos do presidente venezuelano.
‘Ditada’ pelos americanos
Em resposta à manifestação brasileira, a chancelaria venezuelana insinuou que o comunicado emitido pelo Itamaraty, ‘redigido por funcionários’, parecia ter sido influenciado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
‘O governo venezuelano mantém uma postura alinhada aos princípios da diplomacia e das relações amistosas com o Brasil’, diz o comunicado.
‘O governo bolivariano agradece as manifestações de apoio do Presidente Lula da Silva, que, de forma direta e clara, condenou as ações criminosas e as sanções ilegais impostas pelo governo estadunidense para prejudicar nossa população’, finaliza o documento.
Nas últimas semanas, diplomatas já haviam comentado internamente que as atitudes de Maduro estavam divergentes do Acordo de Barbados mencionado pelo governo brasileiro, o qual foi assinado em outubro de 2023 e visava garantir a participação de observadores internacionais nas eleições, liberdade de imprensa e a ausência de restrições aos candidatos, em troca do fim das sanções ao petróleo venezuelano.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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