A decisão do juiz Givanildo Nogueira Constantinov, da 4ª Vara Criminal de Maringá, aborda violação e violência psicológica contra a mulher.
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O ginecologista Felipe Sá Ferreira foi sentenciado pela Justiça do Paraná a cumprir uma pena de 35 anos, 1 mês e 9 dias de reclusão pelos delitos de violação sexual mediante fraude e violência psicológica contra mulheres. A decisão, que foi proferida nesta sexta-feira (30), é do juiz Givanildo Nogueira Constantinov, da 4ª Vara Criminal de Maringá.
O caso envolvendo o ginecologista gerou grande repercussão e levanta a importância de se buscar um médico ginecologista de confiança. É fundamental que as mulheres se sintam seguras e respeitadas ao procurar um profissional da saúde para cuidar de sua saúde íntima. A proteção e o respeito devem sempre vir em primeiro lugar.
Decisão Judicial em Sigilo
A decisão completa não foi tornada pública pelo Judiciário Estadual, uma vez que se trata de um processo que está sob sigilo. O juiz responsável também decidiu pela suspensão do direito de exercer a medicina, além de determinar a cassação da especialidade em ginecologia. O médico ginecologista deverá ainda indenizar em R$ 15 mil cada uma das 33 vítimas que formalizaram a representação contra ele. O advogado Francisco Resende, que defende Ferreira, declarou à imprensa nesta segunda-feira (2) que está avaliando a sentença e que pretende recorrer ao Tribunal de Justiça.
Repercussão do Caso
Ferreira foi detido em junho do ano anterior, após o relato de três mulheres. Contudo, o caso ganhou notoriedade e mais pacientes do médico ginecologista começaram a se apresentar à Polícia Civil. As investigações revelaram um total de 42 vítimas, das quais 33 optaram por formalizar a denúncia contra o médico. O Ministério Público, que apresentou a denúncia em março deste ano, informou que os delitos teriam ocorrido nos anos de 2011, 2015, 2019, 2022 e 2023.
Relatos de Abusos
No ano passado, o delegado Dimitri Tostes, que estava à frente da investigação, explicou à Folha de S.Paulo que havia situações em que, sob a justificativa de realizar um exame ginecológico, o médico ‘passava a estimular a zona sexual dela sem qualquer tipo de prévio aviso’. O investigador também relatou que ouviu uma mulher que mencionou ter recebido massagem na zona sexual, sem aviso prévio e sem relação com o objetivo do exame. Ferreira, segundo o delegado, ‘tinha um discurso para cativar as mulheres’.
Estratégia de Abordagem
Antes mesmo dos exames, o médico ginecologista abordava temas como empoderamento feminino e a desconstrução do papel da mulher na sociedade, buscando criar um ambiente de confiança. Até o ano passado, Ferreira mantinha um site onde promovia a ‘humanização na ginecologia e obstetrícia’. No site, ele afirmava que ‘não há mais espaço para o paternalismo médico, onde a figura do doutor é a mais importante, passando muitas vezes por cima da autonomia da mulher, sob seus desejos, seu corpo e autoconhecimento’.
Histórico Político e Consequências Profissionais
Em 2022, Ferreira se candidatou a deputado federal pelo partido Novo, recebendo 2.516 votos, mas não foi eleito. O CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) informou que instaurou uma sindicância sobre o caso em junho de 2023, seguida pela abertura de um Processo Ético-Profissional, que ainda está em andamento. De acordo com o CRM, não existe um prazo legal estabelecido para a conclusão da investigação, que pode resultar em penalidades que vão desde advertências até a cassação do direito de exercer a profissão, a ser ratificada pelo Conselho Federal de Medicina.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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