Nutricionista da USP: doutora, mestre em Esporte e Ciências, especialista em alimentos e comportamento. Autora de “Por que não consigo emagrecer?” e “A Dieta Ideal”. Experiências em memória, nariz e receptores olfativos, exposição, pré-coce, combinação de ingredientes diferentes, áreas cerebrais.
Quando o aroma de um bolo caseiro invade o ar, é como se um portal se abrisse para um universo mágico de memórias alimentares. Essas lembranças afetivas têm o poder de nos conectar com momentos especiais, como aquela tarde na cozinha com a vovó, repleta de carinho e sabor. As memórias alimentares são como fios invisíveis que nos ligam ao passado, despertando emoções únicas e reconfortantes.
A comida tem o poder de não só nutrir nosso corpo, mas também nossa alma, ao inundar nossas mentes com memórias e experiências marcantes. Cada prato carrega consigo uma narrativa, um capítulo da nossa história pessoal que nos transporta para momentos vividos e sorrisos compartilhados. De uma simples esfirra a um elaborado jantar de família, as memórias alimentares são um tesouro precioso que valorizamos para toda a vida.
Explorando as Memórias Alimentares
As memórias alimentares têm um impacto profundo em nossas vidas, moldando nossas experiências e preferências. Elas podem estimular sensações únicas que nos transportam de volta a momentos passados e influenciam diretamente nossa relação com a comida. Essas lembranças, mesmo décadas depois, continuam a desempenhar um papel significativo em nossas escolhas alimentares.
Genética e os Receptores Olfativos
Nossas preferências alimentares são, em parte, determinadas pela genética. O simples ato de apreciar ou detestar o coentro, por exemplo, pode ser explicado pela composição dos nossos receptores olfativos. Esses receptores são responsáveis por identificar os aromas dos alimentos e influenciam se consideramos algo saboroso ou não. A mesma lógica se aplica a outros estímulos, como os sabores amargos ou azedos.
A Importância da Exposição Precoce
Estudos revelam que a exposição pré-coce a determinados sabores pode influenciar significativamente nossas preferências alimentares. Por exemplo, gestantes que consomem regularmente uma solução de sabor específico durante as últimas semanas de gravidez têm bebês que demonstram maior aceitação por esses sabores após o nascimento. Além disso, a amamentação também desempenha um papel fundamental, uma vez que o sabor do leite materno varia de acordo com a alimentação da mãe.
A Fascinante Combinação de Ingredientes
Embora cada um de nós tenha gostos individuais, há uma combinação de ingredientes que parece universalmente atraente: sal, açúcar e gordura. Essa tríade, muitas vezes explorada pela indústria de alimentos ultraprocessados, tem o poder de ativar áreas cerebrais associadas ao prazer, recompensa e aprendizado. Isso pode levar ao excesso de consumo e à repetição do comportamento no futuro.
Memória Alimentar e o Papel das Áreas Cerebrais
Estudos de neuroimagem demonstram que diferentes áreas do cérebro desempenham um papel crucial ao associar nossas experiências alimentares com emoções e formações de memória. Experiências positivas com alimentos na infância, como prêmios, conforto e celebrações, podem influenciar significativamente nossas preferências alimentares na vida adulta. A exposição repetida a certos sabores e contextos alimentares fortalece conexões neurais específicas, contribuindo para a formação das memórias alimentares.
O Impacto da Família na Relação com a Comida
A forma como nossa família e cuidadores se alimentam exerce uma forte influência em nossos hábitos alimentares. As interações familiares em torno da comida moldam nosso comportamento alimentar desde a infância. As crianças tendem a desenvolver preferências alimentares que refletem as práticas alimentares familiares, destacando a importância de um ambiente positivo e saudável em relação à comida.
Fonte: @ Estadão
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