Gestores se perguntam quanto Gabriel Galípolo conseguirá driblar pressões do governo, que deseja crescimento, mediante políticas monetárias.
A inflação alta no Brasil tem sido um assunto de grande preocupação para o mercado financeiro e a população em geral. A inflação alcançou níveis preocupantes, obrigando o Banco Central a reajustar suas estratégias para conter o aumento dos preços.
Diante da inflação alta, o Banco Central precisa ponderar sobre os rumos da economia brasileira. A inflação é um dos principais fatores que afetam a economia, e o BC deve tomar decisões sábias para manter o equilíbrio econômico. A discussão sobre a política monetária e a necessidade de reajustar as rédeas econômicas é um tema cada vez mais relevante. Em um cenário de inflação alta, a tomada de decisões precisa ser cautelosa, pois o impacto no mercado financeiro e na economia pode ser significativo.
Expectativas de inflação
Na transição de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo, a dúvida é quanto o novo presidente conseguirá driblar as pressões do governo que não abre mão de crescimento, segundo gestores de recursos financeiros. Em comum, os nomes que participaram do fórum de investimentos do UBS hoje, é que depois dos resultados das eleições municipais, eles já estão olhando para os efeitos potenciais da sucessão presidencial em 2026, tendo em vista a inflação.
‘A grande pergunta que todo mundo se constrange em fazer é se o Banco Central estará disposto a causar a desaceleração da atividade no Brasil, afetando a economia brasileira. Quando o hiato é positivo, com crescimento acima da capacidade, precisa esfriar a economia e todo mundo sabe que o discurso do presidente é ‘não abro mão do crescimento’, há uma dicotomia na maneira de quem coloca os óculos do ciclo político e de quem coloca o óculos do ciclo econômico’, disse Bruno Coutinho, sócio-gestor da Mar Asset. ‘A inflação é o grande problema, o Brasil está engravidando de inflação.’, enfatizou.
Se o BC não toma a decisão que precisa, fica na carona do fiscal e cria-se não uma dominância fiscal, mas política.’ Para Coutinho, o governo Lula ‘já cruzou o Rubicão’ com a proposta de emenda constitucional (PEC) das transição, que despejou muito dinheiro na economia e explica porque é tão difícil fechar o buraco das contas públicas.’ Uma hora, esse excesso de atividade ia bater na inflação, e a grande consequência da inflação no Brasil é a perda de credibilidade da política econômica, a fiscal mais a monetária.
A resultante disso é que a economia não está entregando o que promete entregar.’ Para Felipe Guerra, sócio-fundador e principal executivo da Legacy, o BC está muito ‘atrás da curva’ e deveria ter subido a Selic já em julho. À medida que a desancoragem das expectativas de inflação aumenta, fica muito difícil ‘consertar, é muito penoso’. O gestor comentou que o modelo do BC aponta uma inflação de 3,6% para 2025, ‘totalmente fora da realidade’. A Legacy tem nas suas contas um IPCA de 5,5%.
‘A convicção que a gente tem é que o BC vai ter que subir os juros se não quiser ver a coisa pior e evoluir para um regime de desorganização.’ Para ele, a Selic tende a ficar alta até o desfecho das eleições de 2026. A resolução dessa história, enfatizou Coutinho, vem com um novo ciclo político. Ele disse estar razoavelmente otimista com uma candidatura de centro-direita, com eventual vitória do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Podemos). ‘O mercado deve trazer isso para o preço, mas precisamos atravessar até lá.’ A percepção do presidente Lula pode mudar devido ao resultado das eleições municipais, com votação mais pró-direita e com grande peso dos evangélicos.
Coutinho ponderou que havia razões para Lula não seguir o roteiro tradicional de promover ajuste fiscal nos dois primeiros anos de governo, colocando a inflação na meta, reacelerando nos próximos anos.
A questão é que o resultado econômico aparentemente positivo até aqui não tem se refletido em ganhos de popularidade. Coutinho ponderou que havia razões para Lula não seguir o roteiro tradicional de promover ajuste fiscal nos dois primeiros anos de governo, colocando a inflação na meta, reacelerando nos próximos anos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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