Cânceres de colo de útero, mama impactam mais população negra, IX Congresso Oncologia D’Or destaca desfechos piores e inequidade social em acesso ao diagnóstico.
Apesar de avanços significativos na pesquisa e tratamento do câncer, a disparidade no acesso ao diagnóstico e cuidados persiste. É crucial garantir que todas as pessoas, independentemente de sua raça, gênero ou condição socioeconômica, tenham a oportunidade de detectar e tratar precocemente a doença.
A prevenção e o diagnóstico precoce de cânceres e outras formas de neoplasias são fundamentais para melhorar os desfechos dos pacientes. A conscientização sobre os sintomas e a importância de exames de rotina podem contribuir significativamente para a detecção precoce da doença oncológica.
Desigualdades no Atendimento Oncológico: Foco no Câncer
Uma análise durante o IX Congresso Internacional de Oncologia D’Or, sediado no Rio de Janeiro em meados de abril, destacou as disparidades no tratamento oferecido a pacientes negros. A oncologista Ana Amélia de Almeida Viana, renomada especialista de Salvador (BA), ressaltou que as variações raciais resultam em desfechos piores, não justificados pela saúde em si. Segundo ela, o racismo é o elemento determinante. Questões genéticas não explicam as discrepâncias, mas sim a falta de cuidados.
A inequidade social também foi enfatizada por Ana Amélia, mostrando como a falta de acesso a serviços básicos leva a condições de saúde precárias, sobretudo entre a população negra. Estudos apresentados apontaram que o risco de óbito por câncer de colo de útero é 27% maior em mulheres negras no Brasil. A pesquisadora destacou que as diferenças persistem mesmo entre negros que não utilizam o Sistema Único de Saúde, revelando uma questão além da econômica: a racial.
No âmbito do câncer de mama, pesquisas evidenciam que mulheres negras têm uma sobrevida 25% menor em comparação com as brancas. O caso do sarcoma de Kaposi foi mencionado como exemplo, sendo um tumor maligno de pele que afeta principalmente indivíduos com o sistema imunológico fragilizado, como os portadores de HIV. Viana apontou que a maioria dos óbitos por essa doença no Brasil ocorre em pessoas negras, devido à difícil obtenção de antirretrovirais.
A especialista também compartilhou casos de discriminação que prejudicaram o tratamento oncológico de pacientes. Em um incidente, uma mulher aguardava há horas por uma consulta devido ao pressuposto de que não seria a própria paciente, mas sim a acompanhante de idosos. Esse viés implícito prejudica a atuação dos profissionais de saúde, evidenciando a importância de protocolos para minimizar tais riscos e garantir o devido cuidado aos pacientes, independentemente de sua origem étnica.
Fonte: @ Metropoles
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