Crise da AgroGalaxy gera preocupações sobre efeito dominó no Agronegócio, afetando Recebíveis e Preços dos Insumos, com impacto no Mercado de Capitais e na Securitizadora Ceres.
Uma semana após a AgroGalaxy entrar com pedido de recuperação judicial e levantar dúvidas sobre o cenário do agronegócio brasileiro, a história ganha novos protagonistas que buscam entender as implicações desse evento no mercado agronegócio.
Esse cenário de incerteza no setor agro pode afetar a produção e o comércio de produtos agrícolas, além de impactar a economia rural de várias regiões do país. A crise pode ser um divisor de águas para o setor e exigirá que as empresas se adaptem rapidamente às novas condições do mercado. A inovação e a tecnologia podem ser fundamentais para superar esses desafios.
O Agronegócio em Crise: O Caso do Grupo Portal Agro
O Agronegócio brasileiro enfrenta um momento de grande dificuldade, e o caso do Grupo Portal Agro é um exemplo disso. A empresa, que atua desde 2008 com a comercialização de insumos agrícolas para cerca de 250 produtores rurais na região de Paragominas, no Pará, entrou com pedido de recuperação judicial na quarta-feira (25). O valor da dívida anexado no processo é de R$ 700 milhões.
O Grupo Portal Agro detém, em conjunto com a securitizadora Ceres, três Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) no valor total de R$ 122 milhões. Um desses títulos de dívida, no valor de R$ 38,5 milhões, corresponde a 7,2% do patrimônio líquido do Galápagos Recebíveis do Agronegócio, Fiagro da Gestora Galápagos com pouco mais de oito mil cotistas.
A Crise do Agronegócio e o Efeito Dominó
A situação gera preocupações sobre o momento de dificuldade do Agronegócio no Brasil e levanta dúvidas sobre um potencial efeito dominó no setor. A crise no Agronegócio brasileiro nos últimos dois anos, caracterizada pela alta dos preços dos insumos e pela queda dos preços das commodities agrícolas, foi apontada como a principal causa do pedido de recuperação judicial do Grupo Portal Agro.
Em 2022, com a alta nos preços dos insumos, o grupo emitiu recebíveis em favor da securitizadora Opea que emitiu, via mercado de capitais, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) para captar recursos para que a empresa pudesse financiar o plantio da safra 22/23 dos 250 produtores rurais da região de Paragominas, no Pará.
No entanto, alega a decisão, o grupo foi ‘surpreendido’ pela queda dos preços das commodities na referida safra 22/23, em meio ao abastecimento dos estoques de grãos a nível internacional, o que resultou em despesas elevadas e ‘péssima’ rentabilidade.
Os Desafios do Agronegócio Rural
Diante dos atrasos no pagamento por parte dos produtores rurais, o grupo decidiu, então, buscar financiamentos junto a outras instituições financeiras em 2022 e 2023 na tentativa de cobrir os prejuízos da safra 22/23. Além dos CRAs emitidos em conjunto com a Opea, e em meio à crise financeira já instalada no grupo, o Portal Agro recorreu a uma outra securitizadora, a Ceres, que emitiu novos CRAs no mercado para tentar financiar a safra 23/24.
Durante a colheita da safra 23/24, porém, houve períodos de chuva em quantidade maior do que o esperado, o que provocou prejuízos à empresa, uma vez que as lavouras não foram colhidas. Além das perdas nas lavouras, houve prejuízos no processo de secagem devido às filas, perda de peso nos silos e desvalorização dos grãos por causa da umidade.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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