Alteração de seções eleitorais evita coação de grupos criminosos e violências, garantindo segurança no processo eleitoral.
No início do mês, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) anunciou a alteração de 53 locais de votação em dez municípios do estado, devido a preocupações com a segurança e o crime. A maioria dessas mudanças ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, mas há também modificações em Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Japeri, Itaguaí, Niterói, Itaboraí e Sapucaia.
Essas alterações são uma medida para prevenir a ilegalidade e garantir a integridade do processo eleitoral. Além disso, a mudança de locais de votação também visa reduzir a influência de criminosos que podem tentar interferir no resultado das eleições. A delinquência é um problema grave em muitas dessas áreas, e a alteração dos locais de votação é uma forma de combater o crime e garantir a segurança dos eleitores. A segurança é fundamental para o sucesso das eleições.
Crime Organizado e Delinquência nas Eleições
No estado do Rio de Janeiro, uma decisão recente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) afetou 171 mil eleitores, motivada pela infiltração do crime organizado em locais de votação. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil alertam que essa é uma das grandes ameaças das eleições municipais, não apenas no estado do Rio, mas em todo o país. Para garantir a eleição de seus candidatos, essas organizações podem recorrer a violências, ameaças e coação contra adversários e eleitores.
O crime organizado aprendeu a trabalhar de dentro do Estado, o que é um processo que vem acontecendo no Brasil há algum tempo, mas é relativamente novo nas grandes metrópoles. No Rio de Janeiro, em São Paulo, ou em João Pessoa, isso é mais recente, explica o doutor em Ciências Policiais e Segurança Pública Alan Fernandes, pesquisador do Fóorum Brasileiro de Segurança Pública. Para ele, no dia da eleição, há um risco de coação por grupos criminosos contra eleitores, para que eles votem em determinado candidato ou mesmo deixem de comparecer aos locais de votação.
O principal risco é o impedimento de comparecimento em determinadas zonas eleitorais. Em lugares que são dominados pela ilegalidade, pelo crime organizado, existem casos em que as pessoas são impedidas de comparecer ao local de votação, a depender do interesse político daquela facção. O segundo problema, nesses locais de votação, é a coação aos eleitores para que eles votem em determinado candidato de preferência daquele grupo armado, afirma Fernandes.
Medidas Contra o Crime Organizado
No Rio de Janeiro, as milícias são um dos grupos armados que têm se aproveitado da política e da participação no Estado para fortalecer sua atuação. Em consequência, novas medidas vêm sendo tomadas pelos tribunais para garantir a lisura do processo eleitoral. A proibição de uso de celulares e câmeras em cabines de votação, adotada em 2008, por exemplo, foi uma reação do TRE-RJ a informações de que traficantes e milicianos estavam obrigando eleitores a registrar seu voto na urna, para comprovar que estavam votando nos candidatos indicados pelos grupos criminosos.
Miguel Carnevale, pesquisador do Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Giel/UniRio), explica que essa atuação dos grupos criminosos sobre os eleitores é ainda mais forte nas eleições municipais. ‘Você vê muito contato de vereadores com as comunidades e muita força do crime organizado [para a eleição de seus candidatos escolhidos]. Acredito que, para o Rio de Janeiro, a entrada do crime organizado para a política é um grande desafio para a segurança pública e para a justiça eleitoral.
Fonte: @ Agencia Brasil
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