Preconceito pode alterar a diversidade microbiana e a composição do microbioma, modificando a expressão gênica relacionada à imunidade e bem-estar, com consequências significativas a longo prazo.
É preciso considerar os impactos físicos associados à discriminação, que podem afetar a saúde de forma geral.
Compartilhe essa matéria via: WhatsAPP Telegram A discriminação, que muitas vezes surge sob a forma de preconceito, pode levar a uma série de consequências, incluindo o estresse, que é um dos fatores mais comuns de problemas de saúde e autoestima. Além disso, a discriminação pode afetar profundamente a percepção de si mesmo, levando a problemas de autoestima e a um estresse crônico, que podem ter consequências a longo prazo para a saúde mental e física. Em muitos casos, a discriminação também pode influenciar as escolhas de carreira e decisões de vida, o que pode levar a sintomas de estresse e problemas de saúde. Em resumo, é importante reconhecer que a discriminação pode ter impactos significativos em todos os aspectos da vida e saúde.
Discriminação: Um vírus silencioso no corpo humano
Um estudo conduzido pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), publicado na revista Frontiers in Microbiology, revelou que indivíduos submetidos a altos níveis de discriminação exibem alterações significativas no microbioma intestinal e na expressão gênica relacionadas à saúde. Essa pesquisa confirma a conexão entre o estresse social e respostas biológicas que podem comprometer o bem-estar físico e mental. Com base em dados de 154 participantes de diferentes origens étnicas, divididos em grupos que enfrentam alta e baixa discriminação, os pesquisadores utilizaram uma escala específica para medir o impacto do preconceito diário e coletaram amostras de fezes para investigar a composição do microbioma e a expressão gênica. O grupo de alta discriminação não apenas apresentou maior diversidade microbiana como também alterações importantes em espécies específicas de bactérias.
O papel do microbioma e as mudanças observadas A diversidade do microbioma é geralmente considerada um sinal de saúde, mas no contexto do estresse crônico, essa maior variedade pode indicar uma resposta do corpo a um ambiente hostil. Os pesquisadores observaram uma redução significativa na presença de Prevotella, bactéria conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias, sugerindo um possível desequilíbrio na resposta imunológica. Isso aumenta a predisposição para inflamações crônicas e condições autoimunes. Por outro lado, espécies pertencentes à família Ruminococcaceae, que têm funções anti-inflamatórias, estavam mais presentes no grupo de alta discriminação, sugerindo uma resposta adaptativa do organismo para lidar com o estresse prolongado. Essas mudanças destacam a capacidade do microbioma de se ajustar a fatores externos, mas também indicam um estado de alerta que pode ter consequências a longo prazo.
Outro aspecto crítico do estudo foi a análise da expressão gênica. Genes envolvidos em vias metabólicas e percepção ambiental mostraram aumento de atividade nos participantes de alta discriminação, enquanto genes relacionados à reparação de DNA e resposta imunológica tiveram expressão reduzida. Isso pode significar uma adaptação do corpo a um estado de estresse contínuo, potencialmente comprometendo a capacidade de resposta a danos celulares e inflamações. Compreender essas respostas é fundamental para entender como o estresse social afeta nosso bem-estar.
A discriminação é um fator de estresse que pode desencadear respostas em diversos sistemas do corpo. A conexão entre saúde mental e mudanças fisiológicas reforça a ideia de que o estresse provocado pela discriminação é capaz de desencadear respostas que podem comprometer o bem-estar físico e mental. Ao utilizar um modelo de aprendizado de máquina, os pesquisadores conseguiram prever com 91% de precisão se um participante pertencia ao grupo de alta ou baixa discriminação com base nos dados do microbioma e da expressão gênica. Isso sugere que o microbioma pode ser um indicador significativo da resposta do corpo ao estresse social.
A discriminação é um problema complexo que afeta indivíduos de todas as origens étnicas e pode ter consequências a longo prazo para a saúde física e mental. Compreender como o estresse social afeta o corpo e o microbioma é fundamental para desenvolver estratégias para mitigar esses efeitos e promover a saúde.
Fonte: @ Veja Abril
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