De acordo com a WHG, 7,9% da valorização do dólar se deve ao risco fiscal e ruídos políticos, enquanto 4,8% ocorreu pela valorização global da moeda americana.
Se a percepção de risco fiscal não tivesse se elevado, o governo não teria alterado as metas de inflação a partir de abril e não faria várias críticas ao Banco Central, é provável que o dólar estivesse cotado a R$ 5,10 no momento.
Em um cenário ideal, se a política econômica não estivesse tão volátil, a moeda americana poderia estar mais estável, refletindo um valor mais próximo do esperado pela gestora WHG.
Impacto da Valorização Global do Dólar na Moeda Americana
Se o dólar não tivesse se valorizado globalmente, a moeda americana estaria cotada a R$ 4,90 hoje. Isso significa que parte da alta do real, equivalente a 7,9%, é devido a questões internas, enquanto apenas 4,9% se deve à valorização global do dólar, conforme explicado por Fernando Fenolio, economista da gestora.
Ao analisar os perfis de risco, foram consideradas métricas comparativas entre o Brasil e países semelhantes, como o México. Uma delas é a taxa de juros brasileira de 10 anos, enquanto a outra é a diferença entre a inflação implícita de 5 anos e 3 anos, refletindo a expectativa de inflação futura devido à política macroeconômica.
Além disso, a bolsa brasileira foi incluída na análise. Fenolio destaca que há uma deterioração que não é observada nos pares do Brasil. A desvalorização do real em relação ao dólar não é apenas especulação; se o Brasil estivesse alinhado com os pares, poderia ser considerado um fenômeno global. No entanto, variações significativas indicam questões internas.
Existem motivos para os investidores ficarem cautelosos, pois a descorrelação dos ativos brasileiros em relação aos pares é influenciada pela taxa de câmbio. O economista ressalta que diversos eventos levaram a essa desconexão, sendo a taxa de câmbio o fator decisivo.
Questionado sobre a divisão entre fatores externos e domésticos na alta do dólar, Fenolio discorda da equação de 70/30, destacando que a dinâmica econômica pode alterar essa proporção. Em um cenário de estabilidade política e econômica, a desvalorização seria totalmente atribuída a fatores externos. No entanto, recentes turbulências internas têm dominado.
O Brasil enfrenta o pior desempenho em comparação com países de mercados financeiros mais maduros, refletindo uma dinâmica cambial distinta. A desvalorização do real supera a do iene japonês, mesmo com o Brasil oferecendo uma taxa de juros atrativa de 10,5%. Comparado ao México, a desvalorização do real frente ao dólar é significativamente maior, apesar das agitações políticas no país vizinho.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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