Empresas e governos investiram bilhões em sistemas antes do milênio atrasado. Falha global não ocorreu, evitando apagão nos sistemas cibernéticos.
Era 31 de dezembro de 1999. A energia festiva da véspera de Ano Novo estava misturada a um bug que assombrava o mundo. À meia-noite, uma falha global poderia colapsar tudo que era comandado por computadores: bancos, aviação, sistemas de energia, telefonia e serviços básicos. Poucas pessoas ousaram voar durante a virada do milênio atrasado.
Enquanto o relógio se aproximava da meia-noite, a preocupação com o problema persistia. A possibilidade de uma falha catastrófica de proporções milênio atrasado era real. A incerteza pairava no ar, e cada segundo era crucial para evitar um erro de consequências imprevisíveis.
Reflexões sobre o Bug do Milênio Atrasado
Era o receio do tão falado ‘bug do milênio’, que acabou não se materializando. Neste dia em particular, uma falha global de energia afetou várias regiões do mundo, e muitas pessoas no X brincaram que ele estava 24 anos atrasado. ‘Quem poderia imaginar que o bug do milênio só decidiria aparecer agora?’, comentou um usuário nas redes sociais. ‘O bug do milênio deu as caras 24 anos atrasado, será que podemos chamá-lo de bug Rubens Barrichello?’, brincou outro.
A pane em escala mundial foi desencadeada por um erro na atualização de uma ferramenta de segurança da empresa CrowdStrike. Essa ferramenta atua como um antivírus para empresas. A falha resultou no cancelamento de voos e afetou bancos, serviços de saúde e serviços públicos em diversas nações. ‘Empresas entraram em pânico, temendo que seus sistemas poderiam entrar em colapso, e até mesmo pessoas com marcapassos ficaram apreensivas. Alguns profetizavam o apocalipse e o retorno à Idade das Trevas. Sorte que naquela época as redes sociais ainda não existiam’, comentou o analista Ariel Palacios.
A preocupação em relação ao ‘bug do milênio’ estava relacionada à mudança de data. Os sistemas mais antigos de computadores registravam as datas com apenas dois dígitos, incluindo os anos – 98 e 99, por exemplo. A grande falha ocorreria se, à meia-noite, os computadores interpretassem o ’00’ de 2000 como se fosse 1900.
Para evitar o suposto desastre que isso acarretaria, empresas e governos investiram bilhões de dólares na atualização de seus sistemas. Na França, o Crédit Agricole desembolsou quase € 140 milhões, enquanto a France Telecom, agora conhecida como Orange, gastou € 160 milhões. A SNCF, empresa ferroviária francesa, optou por parar todos os trens voluntariamente por 20 minutos entre 23h55 e 00h15, como precaução para verificar se tudo estava funcionando corretamente. A eficácia desse investimento em dinheiro para evitar o desastre permanece incerta.
O apagão cibernético ocorrido naquele dia causou muito mais transtornos do que o tão temido bug do milênio. A incerteza em relação aos sistemas cibernéticos e à energia na véspera de uma festa global é um lembrete do impacto que falhas e bugs podem ter em nossas vidas.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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