Ex-presidente participa do lançamento da pré-campanha de Ramagem no Rio, mesmo com denúncias de abusos de poder e possível inelegibilidade.
O atual presidente, Bolsonaro, reforçou seu discurso de confiança na Justiça, ressaltando que confia no sistema judicial do Brasil. Segundo ele, a transparência e a imparcialidade são fundamentais para a garantia de um julgamento justo.
O ex-mandatário Jair Bolsonaro, em sua fala, destacou a importância da independência do Poder Judiciário para a democracia. Ele enfatizou que a justiça deve ser cega e imparcial, assegurando que todos sejam tratados de forma igual perante a lei. Bolsonaro afirmou que está tranquilo em relação a qualquer processo judicial, desde que seja conduzido de maneira justa.
Bolsonaro em discurso de quase 36 minutos
O ex-mandatário preferiu não abordar de maneira direta as investigações que a Polícia Federal está conduzindo em relação à suposta tentativa de golpe de estado em que teria sido o responsável. ‘Eu poderia estar tranquilamente em outro país, porém decidi retornar para cá com todo o risco.
Não tenho receio de nenhum julgamento desde que os juízes sejam imparciais’, afirmou Jair Bolsonaro, que viu seu passaporte ser confiscado devido ao inquérito. Bolsonaro também mencionou que está sofrendo perseguições, apontando sua inelegibilidade. Aproveitou a oportunidade para criticar o atual presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
‘Quando alguém se candidata, o mundo desaba sobre sua cabeça. Assim como tem desabado sobre a minha, porque eu sou um obstáculo para a esquerda’, declarou.
‘Me tornaram inelegível por quê? Primeiramente porque eu me reuni com embaixadores. Eu não me reuni com traficantes em comunidades’, enfatizou, fazendo referência a compromissos realizados por Lula em favelas do Rio.
Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decretou Bolsonaro inelegível por 8 anos devido aos abusos de poder durante a campanha de 2022
O ex-presidente participou no último sábado do lançamento da pré-candidatura de Alexandre Ramagem, deputado federal (PL-RJ), à Prefeitura do Rio de Janeiro.
O evento, que teve pouca presença de público, ocorreu na quadra da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste da capital fluminense. Os apoiadores de Bolsonaro se concentraram em metade da área, com quase 1.700 metros quadrados e capacidade para cerca de 12 mil pessoas, de acordo com informações da escola.
A Mocidade é uma das agremiações mais antigas do Rio e conta com o bicheiro Rogério Andrade como presidente de honra, atualmente em medidas cautelares por envolvimento com o crime organizado. A escolha do local, segundo a coordenação do PL, foi devido à facilidade de acesso pela Avenida Brasil, uma das principais vias da região metropolitana fluminense.
Diante de muitos vazios na quadra, Bolsonaro tomou o microfone antes do início oficial do evento e solicitou a remoção das grades que delimitavam uma área vip em frente ao palco. Com isso, o público se reuniu em frente ao palanque.
Já no palco, a cena era outra.
Com muitas pessoas no palco, Bolsonaro também orientou para que apenas os detentores de mandatos ficassem na frente. Demonstrando impaciência, determinou que os demais permanecessem nos fundos. O evento também contava com uma área externa para o público.
Havia tendas e um telão para exibir os discursos dos políticos, porém ficou completamente deserta. A agenda faz parte da tour que Bolsonaro deu início esta semana para mostrar sua popularidade, apesar dos avanços nas investigações sobre a alegada tentativa de golpe de estado planejada pelo ex-presidente.
Na sexta-feira (15), o ex-presidente marcou presença em um evento na Região dos Lagos, no Estado do Rio. Bolsonaro convocou seus seguidores para atos que lotaram as ruas de Maricá, Saquarema, Araruama, Cabo Frio e Búzios.
Ao seu lado estavam seus aliados mais leais: Ramagem, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), primogênito do ex-presidente, e os deputados federais do PL do Rio Altineu Cortes, presidente estadual do partido, Sóstenes Cavalcante, um dos líderes da bancada evangélica, e Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde durante a pandemia.
Sob investigação da PF, Bolsonaro quer demonstrar sua força com eventos desse tipo, reunindo apoiadores e preenchendo as ruas.
Contudo, já circulam ao redor do ex-presidente afirmações de que o cerco está se fechando. Segundo o Valor, aliados do ex-mandatário reconhecem que sua situação se complicou após a divulgação dos depoimentos dos ex-comandantes das Forças Armadas na investigação sobre a tentativa de golpe.
Essas declarações associam diretamente Bolsonaro com o documento golpista encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Nas apurações da Polícia Federal na eleição municipal do Rio, os planos do ex-presidente também sofrem interrupções. Desta vez, o alvo é Ramagem, suspeito de utilizar ilegalmente a Agência de Inteligência Brasileira (Abin) durante seu período no comando do órgão.
Há uma incerteza sobre a candidatura do deputado federal. Isso porque, segundo lideranças de outros partidos, as siglas têm receio de se aliar a alguém com futuro político incerto — na visão deles, as investigações contra Ramagem podem progredir a tal ponto de resultar numa eventual prisão do ex-chefe da Abin.
No evento deste sábado, não houve presença de dirigentes de outros partidos. Apenas membros do PL compareceram, como o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). Embora tenha endossado Ramagem, o chefe do Palácio Guanabara tem mantido conversas nos bastidores para se aproximar do atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), favorito à reeleição.
(Com informações originalmente publicadas no Valor PRO, o sistema de notícias em tempo real do Valor)
Fonte: @ Valor Invest Globo
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