Varejista busca retomar expansão com 20 novas lojas, após redução e controle da alavancagem, melhorando a relação dívida líquida e enfrentando aumento de taxas.
O Assaí está reavaliando seus planos de expansão para o próximo ano, com o objetivo de reduzir sua alavancagem financeira de forma mais eficiente. Em vez de abrir 20 novas lojas em 2025, como inicialmente previsto, a empresa decidiu adiar alguns projetos e agora prevê a abertura de cerca de 10 lojas no próximo ano.
Essa decisão reflete a estratégia da Assaí de priorizar a estabilidade financeira e a rentabilidade em um mercado cada vez mais competitivo. Como um atacadista líder no mercado, a empresa busca manter sua posição de destaque, ao mesmo tempo em que se adapta às mudanças no comportamento dos consumidores e às pressões econômicas. A redução da alavancagem financeira é um passo importante para garantir a sustentabilidade da empresa a longo prazo.
Assaí: Revisão da Estratégia de Expansão
A varejista Assaí espera retomar o ritmo de expansão anterior ao projeto de conversões de hipermercados em 2026, com previsão de cerca de 20 novas lojas. As ações da empresa subiram 1,56% por volta das 10h30, cotadas a R$ 7,16. Os analistas avaliaram as novas metas da empresa e suas implicações no mercado.
O Bradesco BBI considera que a revisão da estratégia de expansão do Assaí, com a redução do plano inicial de 20 novas lojas para 2025, não deve ter impacto significativo no preço das ações da companhia. Isso ocorre porque a decisão já vinha sendo antecipada pelos investidores devido ao cenário de alavancagem e o aumento das taxas de juros. A instituição já incorporava em seu modelo a abertura de 10 novas lojas para 2025 e 15 lojas em 2026, mantendo sua recomendação de compra para as ações da empresa, com um preço-alvo de R$ 10 por ação para o final de 2025.
Controle da Alavancagem e Redução do Endividamento
O Bradesco BBI avalia que o foco da empresa em reduzir seu endividamento é uma medida positiva, dado o elevado nível de dívida líquida, que alcançou R$ 14 bilhões, com uma relação de 3,7 vezes a dívida líquida/Ebitda no segundo trimestre deste ano. A redução do investimento destinado à abertura de novas lojas seria a principal alternativa disponível para controlar a alavancagem, uma vez que fatores como inflação de alimentos e concorrência estão fora do controle da administração.
O banco destaca que a empresa poderia, em última instância, recorrer a alternativas como venda e arrendamento, além de operações ‘built-to-suit’, que contribuiriam, embora de forma mais limitada, para melhoria do fluxo. Além disso, o banco estima que cada ajuste de 100 pontos-base na Selic impacta o lucro antes de impostos do Assaí em cerca de R$ 110 milhões a R$ 120 milhões, ou aproximadamente 10%.
Projeções e Expectativas
O relatório do Bradesco BBI ressalva que as projeções do banco para a relação dívida líquida/Ebitda em 2025 e 2026 continuam acima do que a empresa projeta, com estimativas de 3,4 vezes e 3,1 vezes, respectivamente, em comparação à projeção da empresa de menos de 3,2 vezes e aproximadamente 2,6 vezes para o período. Essa diferença reflete expectativas mais conservadoras do banco em relação ao investimento, o Ebitda e possíveis variações nas taxas de juros.
O Jefferies também avaliou a redução na meta de abertura de lojas do Assaí e considerou que faz sentido por conta do cenário de deflação de alimentos e juros altos persistindo por mais tempo que o esperado, afetando seu processo de desalavancagem. O analista Pedro Baptista escreve que a atacadista enfrenta problemas de alta alavancagem após um movimento agressivo de consolidação nos últimos anos que acirrou a competição no setor.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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